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4 anos sem Steve Jobs: relembre a vida do cofundador da Apple

Por| 05 de Outubro de 2015 às 10h15

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4 anos sem Steve Jobs: relembre a vida do cofundador da Apple
4 anos sem Steve Jobs: relembre a vida do cofundador da Apple
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Steve Paul Jobs. Este nome é capaz de causar reações adversas a quem o ouve. De uma aversão que beira quase a indiferença por parte de seus críticos a uma adoração quase religiosa de seus apoiadores, o fato é que quem está de alguma maneira envolvido no mundo da tecnologia dificilmente passa incólume a esta figura.

Calça jeans, camisa preta com gola rolê e tênis. Este conjunto, aparentemente vindo direto da máquina do tempo, foi a marca registrada de Jobs até o final de sua vida, no dia 5 de outubro de 2011, quando ele morreu aos 56 anos de idade em decorrência de um câncer pancreático.

Nesta segunda-feira (5), completa-se mais um ano de sua morte. Ao longo dos últimos quatro anos, sua empresa continuou firme, crescendo e cada vez mais lucrativa. Então, relembre agora um pouco da vida e do legado de Jobs.

Início na Atari e parcerias com Steve Wozniak

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Em 1972, Steve Jobs, então com 17 anos, consegue um emprego na Atari. A companhia responsável por trazer ao mundo um dos consoles mais clássicos e aclamados de todos os tempos, totalmente revolucionário para a sua época, foi a base na qual se apoiou o futuro cofundador da Apple.

Ele conseguiu o trabalho graças a uma “parceria” com Steve Wozniak, seu velho amigo. Wozniak havia criado uma versão de baixo custo, porém funcional, do game Pong, que Jobs levou até a Atari como se fosse obra sua.

Aparentemente, o caso não deixou qualquer tipo de mágoa em Wozniak e a amizade seguiu forte. Em 1975, após passar um ano viajando pela Índia em um retiro espiritual zen budista, Jobs retorna ao seu emprego na Atari e se junta a Wozniak a fim de criar uma placa de circuito impresso de baixo custo para o jogo Breakout.

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Jobs e Wozniak no primeiro escritório da Apple, uma garagem, em 1975. (Foto: UPPA/Photoshot)

A companhia oferecia US$ 100 para cada chip que fosse eliminado da máquina, porém, como conhecia pouco do tema, Jobs recorreu ao amigo. Entretanto, Jobs contou a Wozniak que o pagamento para o trabalho seria de apenas US$ 700, oferecendo metade da quantia para ele.

Para a surpresa de todos, Wozniak, então funcionário da Hewlett-Packard, conseguiu reduzir a quantidade de chips para 46. Com isso, além do pagamento dos US$ 700 iniciais, a empresa ofereceu também um bônus de US$ 5 mil, que foi embolsado integralmente por Jobs. Wozniak saberia disso apenas 10 anos depois, mas afirmou que teria deixado a quantia integral para o amigo caso tivesse sido avisado de seus problemas financeiros.

Ainda antes de fundarem a Apple, Jobs e Wozniak se uniram em torno da concepção e negociação das chamadas “blue box”. Estes equipamentos geravam um sinal sonoro capaz de hackear linhas telefônicas, permitindo a realização de chamadas gratuitas. As vendas do produto, sempre clandestinas, foram bem, plantando inúmeras ideias na cabeça da dupla.

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1976: Apple I e as sementes do futuro

Em 1976, Wozniak inventou o Apple I, um produto quase artesanal construído por ele. Uma máquina repleta de recursos para a época, capaz de desempenhar diversas funções e, o melhor, de baixo custo. Jobs teve a ideia de começar a vender o produto, então a dupla se juntou a Ronald Wayne e juntos eles fundaram a Apple Computer.

“Baseado em um microprocessador 6502 da MOS Technology, o Apple também conta com um terminal de vídeo embutido e sockets para 8 Kb de memória RAM”, avisava o material de divulgação do primeiro produto da Apple, apresentado ao mundo durante a reunião do Hobrebrew Computer Club daquele ano.

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Apple I, o primeiro computador da Apple. (Foto: Ed Uthman/Wikimedia Commons)

Diferente de outros produtos da época, o Apple I era vendido em um kit totalmente montado, o que possibilitava aumentar a quantidade de potenciais compradores. Além disso, o pioneirismo estava também na praticidade de uso, pois bastava conectar o produto a um teclado e a um monitor barato para que tudo funcionasse.

Começava aí uma verdadeira revolução na computação pessoal, que teria seu segundo passo dado já no ano seguinte, quando o Apple I foi aposentado para dar lugar ao Apple II. O novo produto trazia funções extras em relação ao antecessor, como possibilidade de emitir áudio e maior capacidade gráfica.

“Nós nunca sentimos vergonha de roubar grandes ideias”

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Alguns dos pontos mais polêmicos da biografia de Steve Jobs vêm justamente da sua moral duvidosa quanto a se apropriar de forma indevida de ideias alheias. Isso já havia acontecido ao menos duas vezes com seu grande amigo Steve Wozniak e aconteceu novamente em um momento crucial da Apple.

Em um caso que entrou para a história como um dos principais roubos industriais de que se tem notícia no mundo da computação, a Apple foi convidada pela Xerox para conhecer o Xerox PARC, centro de inovações da companhia. Para ir até o local, a Apple negociou a venda de 100 mil ações a US$ 10 cada.

Lá, Jobs teve contato com alguns dos conceitos mais revolucionários dentro da computação pessoal até então. No local, a Xerox desenvolvia desde o início dos anos 70 conceitos como computadores controlados por mouse, uso de uma interface gráfica de bitmaps e máquinas em rede.

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"Nós nunca sentimos vergonha de roubar grandes ideias", afirmava Jobs. (Foto: Anthony Sigalas/Flickr)

Na mais famosa biografia de Jobs, Walter Issacson relata este fato como “um dos maiores assaltos da história da indústria”. Segundo ele, esta visão foi endossada com orgulho pelo cofundador da Apple.

“Tudo se resume a tentar se expor às melhores coisas que os seres humanos fizeram e, depois, tentar trazer essas coisas para o que você está fazendo”, comentou o executivo. “Quer dizer, Picasso tinha um ditado que afirmava: 'Artistas bons copiam, grandes artistas roubam'. E nós nunca sentimos vergonha de roubar grandes ideias”, complementa.

Um posicionamento no mínimo curioso para o guru da Apple, empresa constantemente autora de processos contra outras companhias por supostas violações de suas patentes e registros.

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Apple Lisa, Macintosh e saída da Apple

Após a “inspiração” obtida nas suas visitas à Xerox, Jobs e sua companhia conceberam o Apple Lisa em 1983. O Apple III, sucessor do Apple II lançado em 1980, havia sido um fracasso retumbante, então as fichas seriam apostadas agora no Lisa, primeira máquina da empresa a contar com mouse e interface gráfica de usuário organizada.

Apesar do fracasso comercial do Lisa, do ponto de vista histórico e conceitual a máquina marcou época. Ela foi sucedida pelo Macintosh, máquina lançada em 1984 e que teve um ótimo sucesso inicial. Os resultados positivos inflaram o ego excêntrico e difícil de lidar de Jobs, levando a inúmeros atritos com o corpo executivo da Apple.

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Apple Lisa e Apple Macintosh. (Foto: Reprodução/Mac-History.com)

O amor entre ele e a sua própria empresa acabou — ou foi interrompido — logo depois disso, em 1985. Menos de 10 anos após a criação da então chamada Apple Computer, Jobs enfrentou resistência do corpo executivo da companhia e deixou a corporação em 24 de maio daquele ano.

Próximo passo: NeXT

Com um capital inicial de US$ 7 milhões e recrutando parte dos engenheiros da Maçã, Jobs fundou a NeXT Inc. ainda em 1985. Um ano depois, a companhia beirava a falência e ainda não tinha nenhum produto, mas foi salva pelo magnata Ross Perot. Contudo, o primeiro produto da empresa veio apenas em 1990.

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Inspirado no Lisa e oferecendo tecnologia avançada para a época em que esteve inserido, o computador da NeXT tinha foco educacional e chegou às lojas com cada unidade custando US$ 9.999. Apesar dos bons recursos, o preço proibitivo fez com que a máquina não decolasse.

Apesar disso, vale registrar a presença de inovações como uma porta para cabo Ethernet, de um microprocessador DSP e de um micronúcleo Mach. Para se ter uma ideia, Tim Berners-Lee, o fundador da World Wide Web, realizou tal feito utilizando um NeXT nas instalações da CERN (Organização Europeia para Pesquisa Nuclear).

Pixar: a revolução nas animações computadorizadas

Em 1986, Jobs fundou a Pixar (na época chamada de The Graphics Group) a partir da divisão de computação gráfica da Lucasfilm. A empresa recém-criada pagou US$ 5 milhões à produtora de George Lucas por direitos de tecnologia e teve ainda um aporte inicial do mesmo valor.

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Levou quase uma década até que o primeiro produto da Pixar saísse do forno, mas a espera valeu a pena: em 1995, chegava aos cinemas Toy Story, com Jobs levando créditos como produtor-executivo. Desde então, a companhia trouxe ao mundo inúmeros clássicos como Wall-E, Procurando Nemo, Up – Altas Aventuras e tantos outros.

Toy Story: clássico da animação criado pela Pixar. (Foto: Divulgação/Pixar)

Em 2004, após o final do contrato com a Disney para que esta distribuísse seus filmes, a Pixar foi adquirida pela gigante do entretenimento infantil. Em uma negociação de US$ 7,4 bilhões, a Pixar foi vendida e Steve Jobs se tornou o maior acionista individual da firma criada por Walt Disney, com aproximadamente 7% das ações (atualmente, tais ações fazem parte do espólio de Jobs, sob tutoria de sua esposa Laurene P. Jobs).

1997: retorno a Apple, acordo com a Microsoft e retomada

Em 1996, a Apple anunciou a aquisição da NeXT Inc. por US$ 247 milhões. O acordo, finalizado em fevereiro de 1997, levou Jobs de volta à companhia que ele ajudou a fundar. Inicialmente, ele atuava oficialmente apenas no conselho diretor, mas virou uma espécie de presidente de fato em junho daquele ano, sendo oficializado como presidente de direito em setembro de 1997.

Os problemas financeiros enfrentados pela Apple durante os anos 90, que levaram a companhia à beira da falência, criaram o ambiente perfeito para a volta triunfal de Jobs. Após seu retorno, ele costurou um acordo com Bill Gates e a Microsoft, que, entre outras coisas, determinava a compra US$ 150 milhões em ações da Apple pela rival. Então, no comando da empresa e com carta branca para impor as suas ideias quanto a design e conceitos, ele finalmente foi capaz de criar um apelo de marketing massivo sobre a marca Apple e seus produtos.

Jobs anuncia parceria com a Microsoft que salvaria a Apple em 97. (Foto: Julia Malakie/AP)

A partir daí a companhia inicia uma retomada incrível inicialmente baseada no iMac, o computador tudo-em-um da Apple lançado em 1998, e no novo sistema operacional Mac OS X, de 2000, baseado no Unix e evolução do SO NeXTSTEP, da NeXT. Nos anos seguintes, sempre sob a batuta de Jobs, a companhia ampliou sua presença no mercado digital com a iTunes Store e revolucionando mais uma vez a computação com seus iGadgets — iPod, Macbook, iPhone e iPad —, tornando-se uma das marcas mais valiosas do planeta.

A figura messiânica e o seu legado

Em decorrência de um câncer pancreático, Jobs faleceu em 5 de outubro de 2011. Se ele tinha um ego inflado e era facilmente seduzido pelos holofotes, as décadas seguintes ao seu retorno à Apple apenas serviram como um campo fértil para o culto à sua personalidade. Figura carimbada nos principais eventos da empresa, o executivo foi o protagonista na linha de frente da formação daquilo que a Apple é hoje.

Isso tudo fez com que se criasse uma espécie de adoração em torno dele, inclusive quando ele ainda era vivo. Legiões de fãs relembram as datas de seu aniversário e de sua morte quase como um dia santo, exaltando os seus feitos e esquecendo as polêmicas em torno de sua figura.

“Apple tem uma longa história de invocar linguagem e ideias religiosas. Parte disso está enraizado na busca espiritual de Steve Jobs e parte se deve às campanhas de publicidade”, aposta Heidi Campbell, professora-associada de comunicações na Texas A&M University.

São Steve? (Foto: Reprodução/Dale Stephanos)

As claras referências ao mito cristão do Pecado Original presente na logo da empresa e a clássica propaganda de 1984, inspirada justamente em 1984, de George Orwell, e que apresentou ao mundo o primeiro modelo do Apple Macintosh, são dois exemplos claros da análise feita por Campbell.

E tudo isso transformou a Apple em uma espécie de religião, tendo em Jobs o seu Jesus Cristo pessoal. A “morte” de Jobs para a empresa em 85 e o seu retorno triunfal, em 97, após ter passado por sua própria Via Crucis, é vista como uma espécie de Segunda Vinda e colabora para essa visão messiânica em torno do executivo.

Atualmente, ele continua sendo lembrado por todos do seu enorme séquito de fãs. Legiões de apaixonados pela Apple que formam fila diante de suas lojas antes de um novo lançamento nos faz lembrar que, para muita gente, Jobs é muito mais do que um simples CEO inovador.

Fontes: Telegraph, Game Informer, India Today, The Wire, Walter Isaacson/Google Books, CNN Money, Bitaites