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Kirin 950 e Exynos 8: problemas para o Snapdragon 820?

Por| 27 de Novembro de 2015 às 15h17

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Kirin 950 e Exynos 8: problemas para o Snapdragon 820?
Kirin 950 e Exynos 8: problemas para o Snapdragon 820?

Já exploramos os detalhes do Snapdragon 820, próxima geração da Qualcomm para os modelos avançados de 2016, e o Apple A9, utilizado tanto no iPhone 6s quanto o iPhone 6S Plus, ambos em artigos exclusivos. Pode parecer injusto colocar o Exynos 8 e o Kirin 950 em um artigo único, mas ambos compartilham muitas características similares, sob basicamente a mesma proposta: usar tudo o que a ARM tem de melhor e de mais atual para equipar a suas próximas gerações de smartphones top de linha, com um diferencial por parte do Exynos 8.

A Qualcomm, por exemplo, usará núcleos próprios, assim como a Apple (Kryo e Twister, respectivamente). Já a GPU da Apple é licenciada pela Imagination Technologies, enquanto a Qualcomm projeta sua própria linha Adreno. Nessa próxima geração, a Huawei continuará usando uma implementação literal, enquanto a Samsung dará seu primeiro passo no design de seus próprios núcleos.

HiSilicon Kirin 950

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Este é um dos primeiros SoCs a implementar o Cortex-A72, o “Core i7 da ARM”, usando a tecnologia big.LITTLE híbrida com o Cortex-A53 para economia de energia. São 4 núcleos Cortex-A72 para desempenho rodando a 2,4 GHz (o máximo teórico originalmente projetado pela ARM) pareado com outros 4 núcleos Cortex-A53 rodando a 1,8 GHz para economia de energia, o que se traduziu em mais de 6 mil pontos no benchmark GeekBench 3, com 1900 pontos de pontuação single-core, mostrando o poder de fogo do Cortex-A72.

A Huawei tem bastante flexibilidade na produção do Kirin 950, de forma que essa é a pontuação máxima possível, já que ele pode vir em smartphones reais com frequências menores. Outro exemplo é que o chip pode trazer tanto memória RAM LPDDR3 quanto LPDDR4 (controladora híbrida), e 3 ou 4 GB, graças ao processo de fabricação de 16 nanômetros da TSMC (16 FF+, o mesmo utilizado para produzir os chips Apple A9 dos iPhones 6S e iPhones 6S Plus).

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Já a GPU é a Mali-T880MP4 (quad-core) rodando a 900 MHz, a mais poderosa projetada pela ARM até o momento. Isso significa que qualquer smartphone que traga o Kirin 950 não terá problemas para rodar nenhuma aplicação gráfica, sendo mais do que suficiente para decodificar vídeos em 4K (HEVC), mas, aparentemente, não é suficiente para codificá-los. Ou seja, é muito provável que as câmeras não sejam capazes de filmar em 4K. Pelo menos não com 30 frames por segundo.

Outros detalhes incluem um novo ISP (PrimISP) de até 14 bits em dois canais (semelhante ao que a Qualcomm promete com o Snapdragon 820), o suficiente para produzir imagens de altíssima qualidade aliado com um sensor de câmera mais avançado. Naturalmente, é um SoC com conectividade 4G LTE categoria 6, o que significa até 300 Mbps de velocidade de conexão móvel (se o provedor conseguir oferecer essa velocidade).

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Samsung Exynos 8

Esse monstro equipará parte dos novos Galaxy S7, já que a Samsung anunciou que também adotará o Qualcomm 820 em algumas versões. Dizemos “monstro” pois é isso que o Exynos 8 é (Exynos 8890, mais precisamente), sendo a primeira vez que a Samsung modificará o design original da ARM para extrair ainda mais desempenho, sendo fabricado no mesmo processo de 14 nanômetros do Exynos 7420. No caso, os 4 núcleos de desempenho serão chamados de M1 (Mongoose) e rodarão entre 2,2 GHz e 2,4 GHz, sendo versões (um pouco) modificadas do Cortex-A72, pareadas com outros 4 núcleos Cortex-A53 para economia de energia.

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Pois bem, enquanto o Kirin 950 ultrapassou a barreira dos 6000 pontos no GeekBench, deixando o Exynos 7420 (Galaxy S6) para trás, o Exynos 8 passa dos 8000 pontos, conseguindo mais de 2300 pontos usando apenas um núcleo. E a coisa não para por aí. A GPU do Exynos 8 é a mesma Mali-T880 usada no Kirin 950, mas traz 12 cores (sim, 12!) ao invés de 4, que por sua vez já é 50% mais poderosa do que a Mali-T760 do Galaxy S6. Ou seja, estamos falando de um ganho de 125% em relação ao desempenho gráfico.

Apesar desse aumento brutal de desempenho, a Samsung promete até 10% mais economia de energia, mas teremos que esperar para ver se isso se confirma. Vale dizer que a Samsung provavelmente manterá a resolução Quad-HD no Galaxy S7, o que significa que qualquer ganho de desempenho será direto, não sendo penalizado por uma resolução maior. Uma bela decisão, aliás, já que migrar para o 4K dificilmente traria benefícios para o usuário, além de penalizar o desempenho do chip.

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Em relação à conectividade. enquanto o Kirin oferece um modem Cat. 6, a Exynos terá 4G LTE Categoria 12 para download (até 600 Mbps) e Categoria 13 para upload (até 150 Mbps). Também conhecido como “muito, mas muito rápido”, desde que o provedor suporte essa velocidade (já imaginou isso no Brasil?). Já a câmera terá o sensor aumentado para 20 megapixels e continuará gravando vídeos em 4K, algo que provavelmente mal fará cócegas no Exynos 8.

Conclusão: e a guerra de especificações continua

Aparentemente, os fabricantes de chips colocaram como meta bater mais de 100 mil pontos no Antutu, ou 10.000 no Geekbench, enquanto a economia de energia é mais um colateral do que uma meta. Por mais que o Cortex-A72 seja projetado para ser mais potente e econômico do que o Cortex-A57 (o que será provavelmente otimizado pela Samsung com o M1), o constante aumento de frequências e foco em performance faz com que fiquemos preocupados com a autonomia de bateria das próximas gerações, ainda mais pela preocupação excessiva em criar smartphones cada vez mais finos.

Outro colateral possível, este negativo, é que os ganhos de eficiência do Cortex-A72 podem ser anulados pela frequências maiores e continuar causando superaquecimento. O Galaxy S6 não esquenta tanto quanto equivalentes com Snapdragon 810, mas por vezes impede o funcionamento de determinados recursos até que o smartphone esfrie. É curioso ver um aumento tão expressivo em desempenho para uma mesma resolução de tela, enquanto a autonomia ainda parece um assunto fora de pauta, com algumas raras exceções com o Moto X Force da Motorola.

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Um ponto interessante no design tanto do Exynos 8890 quanto Kirin 950 é que nenhum dos dois adota os núcleos Cortex-A35 da ARM, estes projetados para serem os mais econômicos quanto possível, e sim o Cortex-A53, o que certamente traria um ganho expressivo de autonomia em stand-by, enquanto o Cortex-A72 ficaria encarregado da parte de desempenho. De qualquer forma, parece que o Snapdragon 820 terá um belo desafio pela frente para se mostrar uma opção superior aos concorrentes.

Fontes: WCCF Tech 1, 2 e 3, PhoneArena 1 e 2, Android Authority 1 e 2, Anandtech 1 e 2