Bombeiro americano passa pelo transplante de rosto mais complexo da história
Por Felipe Demartini | 17 de Novembro de 2015 às 12h33
Quatorze anos depois, Patrick Hardison pode, literalmente, voltar a dormir de olhos fechados. O bombeiro americano foi submetido, em agosto, a uma das cirurgias de transplante de rosto mais complexas da história, cujos resultados só foram revelados agora. O procedimento durou 26 horas e aconteceu em um hospital de Nova York, nos Estados Unidos, devolvendo a face, nariz, lábios e pálpebras, todos perdidos após um incêndio em 2001, quando ele sofreu queimaduras gravíssimas durante um resgate.
O procedimento de alta dificuldade foi realizado por uma equipe de 150 médicos, coordenada por Eduardo Rodriguez. Mais do que isso, a operação foi realizada simultaneamente também no doador, David Rodebaugh, um ciclista de 26 anos que sofreu morte cerebral após um acidente. A retirada do rosto e o transplante precisaram ser feitos em sequência, e o time tinha apenas uma chance para acertar a cirurgia. Antes da hora H, porém, todos treinaram por cerca de um ano para que tudo desse certo.
Todo o processo foi retratado em uma animação, que pode ser vista no site da Universidade de Nova York, que financiou e apoiou o transplante. Com um corte na parte de trás da cabeça do doador, o rosto foi removido um lado de cada vez com estruturas ósseas essenciais ainda presos a ele. Na sequência, ele foi colocado de forma precisa, como uma capa, sobre a cabeça do bombeiro, um posicionamento que deveria ser milimetricamente perfeito.
Dr. Eduardo Rodriguez e Patrick Hardison posam para foto no NYU Langone (Foto: Reuters)
Mais do que complicações das queimaduras, como o fato de que Hardison inevitavelmente perderia a visão devido à ausência de pálpebras, foram os filhos dos bombeiros que motivaram a realização da cirurgia. O procedimento custou US$ 1 milhão, um valor pago pela Universidade de Nova York após companheiros do bombeiro entrarem em contato com a instituição afirmando que as crianças teriam ficado aterrorizadas com a aparência do pai. Demorou, mas o sofrimento finalmente chegou ao fim.
Além de fotos do resultado final, divulgadas pela mãe de Rodebaugh, a equipe médica disse ter provado a eficácia do transplante levando o paciente para fazer compras em uma grande loja de departamentos, onde, ao contrário do que acontecia anteriormente, ele passou despercebido. A ideia pode parecer esquisita, mas para alguém que sofreu deformação por queimaduras, não ser notado devido à sua aparência física se torna algo extremamente importante.
Em nota, Hardison agradeceu à família do doador, afirmando esperar que enxerguem nele a prova de sua bondade. Em resposta, a mãe de Rodebaugh disse que o bombeiro está lindo e que o ato prova como seu próprio filho foi um presente, uma vez que ela é medicamente impossibilitada de conceber.
Fontes: Reuters, New York University