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Terroristas do Estado Islâmico não usaram criptografia para organizar ataques

Por| 19 de Novembro de 2015 às 09h52

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Terroristas do Estado Islâmico não usaram criptografia para organizar ataques
Terroristas do Estado Islâmico não usaram criptografia para organizar ataques

O debate sobre privacidade sempre foi muito forte na Europa, mas os recentes atentados terroristas a Paris na última sexta-feira (13) reacenderam essa discussão e trouxeram o debate sobre violência e ataques também para o mundo da tecnologia. Após várias teorias de que os membros do Estado Islâmico estavam usando um tipo bastante sofisticado de criptografia para organizar seus ataques, novas evidências surgem para mostrar que a verdade é bem diferente disso.

Segundo o site The Intercept, a polícia francesa descobriu que toda a comunicação realizada entre os terroristas e a organização dos ataques da semana passada foram feitas a partir de mensagens de celular não criptografadas. E eles chegaram a essa conclusão da maneira mais simples possível: analisando um dos smartphones encontrados após os ataques ao Bataclan. De acordo com o jornal Le Monde, os policiais conseguiram acessar os dados que estavam armazenados no telefone sem qualquer complicação, incluindo um mapa detalhado da casa de show, SMS posteriores ao atentado e até mesmo o trajeto realizado pelo aparelho nas ruas parisienses.

Só que essa descoberta serve muito mais para reacender discussões e polêmicas do que realmente ajudar em algo nas investigações e na busca pelos demais membros do Estado Islâmico que se escondem na Europa. Isso porque, sem uma criptografia nas conversas, o governo francês poderia muito bem ter interceptado toda a troca de mensagens e descoberto as intenções dos terroristas antes da tragédia realmente acontecer, evitando tudo aquilo que vimos na última semana. Todo o conteúdo estava lá à mostra, mas ninguém viu isso a tempo.

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Por outro lado, isso entra na questão da privacidade que é tão defendida na Europa. Ao mesmo tempo em que muitas pessoas vão defender a necessidade de proteger as conversas dos usuários "normais" — leia-se "não assassinos" —, o episódio mostra o quanto deixar esse material aberto pode evitar futuros atentados. Pode ter certeza de que não apenas o governo francês, mas todas as principais potências ocidentais vão passar a acompanhar com mais atenção tudo o que é dito nessas conversas não protegidas. Afinal, se novos atentados podem ser evitados a partir desse monitoramento, ninguém vai pensar duas vezes antes de fazer isso.

O problema é que esse cuidado esbarra nas próprias liberdades individuais dos cidadãos. Ao abrir mão dessa privacidade para encontrar possíveis terroristas, é como se você deixasse o governo ler todas as suas correspondências para garantir que você não é um criminoso. Em tempos de medo, isso não parece algo ruim, mas ganha contornos mais sombrios a médio e longo prazo. Basta olhar o que aconteceu com os Estados Unidos e todo o escândalo envolvendo a NSA e o monitoramento de tudo o que acontecia na internet.

Fonte: Tech Dirt, The Intercept