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Como os sites rastreiam cada passo seu na internet?

Por| 03 de Dezembro de 2015 às 10h11

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Como os sites rastreiam cada passo seu na internet?
Como os sites rastreiam cada passo seu na internet?

É hora de tirar o elefante da sala. Enquanto lê as palavras que iniciam este texto, você, provavelmente, está sendo rastreado. E caso desista ou vá até o fim, e siga adiante para ver o que está rolando de legal em sua rede social preferida, também estará sendo monitorado. E, aqui, nem estamos falando de espionagem governamental ou algum hacker que infectou seu computador ou celular. Pelo contrário, tudo o que está sendo entregue é feito de bom grado, por mais que o próprio usuário nem imagine isso.

De acordo com dados citados pelo Mashable, o Google é capaz de rastrear cerca de 80% de todos os sites que você acessa na internet por meio de seus mais diversos serviços. O mesmo vale para o Facebook, que com ferramentas utilizadas por desenvolvedores e webmasters, também são capazes de estender o conhecimento sobre seus utilizadores para fora dos próprios limites. Mas como exatamente tudo isso funciona?

A forma mais básica de rastreamento online se dá por meio dos cookies, arquivos minúsculos que são instalados em seu disco rígido e podem ser definidos mais ou menos como um cartão de identificação. É neles que ficam armazenadas informações como o idioma do país em que você está, quais páginas acessou ou o tempo que gastou em um determinado site, por exemplo.

Se você acessa o Facebook e não precisa digitar as informações de login e senha a cada entrada, por exemplo, é por causa dos cookies. Retornou a um site de vendas e viu que aquele produto colocado no carrinho há duas semanas ainda está lá? Foi criar um cadastro e descobriu que o seu navegador é capaz de preencher automaticamente algumas ou todas as informações pedidas? Agradeça aos “biscoitos”.

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Todo esse processo acontece de forma automática, e muitas vezes, sem consentimento expresso. Devido a mudanças recentes nas leis, por exemplo, sites da Europa se viram obrigados a exibir informações e detalhes sobre sua utilização de cookies, enquanto navegadores mandatoriamente precisam solicitar ao usuário permissão antes de realizar o armazenamento de informações. Se trata não apenas de uma medida para cumprimento de normas, mas também de segurança, afinal de contas, são os seus dados que estão ali.

Quando se fala desta maneira, parece algo completamente tranquilo, certo? Apesar de esse tipo de utilização levantar preocupações quanto à privacidade e sob os olhos de quem podem estar as informações trafegadas entre seu computador e a rede, para a maioria das pessoas, nada disso importa desde que o uso da web seja mais fácil. Mas é aqui que entra o grande problema. Um problema de bilhões e bilhões de dólares.

Eu sei quem você é. Agora compre.

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Já reparou que, ao acessar um site de compras e verificar um produto, que propagandas sobre ele começam a aparecer no restante da internet? Nossa, como a rede é inteligente, poderia pensar você em um primeiro momento, até notar que, talvez, não gostaria que a rede soubesse que você andou dando uma olhadinha, sem compromisso, no preço daquele box completo da saga “Crepúsculo”.

Aqui, também estamos falando de cookies, que incluem produtos, serviços e sites acessados em seus registros de forma que seja possível exibir publicidade direcionada exclusivamente a você nas páginas em que acessa. Afinal de contas, de nada adianta exibir comerciais de um disco de sertanejo universitário a um fanático por heavy metal.

Temos aqui uma indústria lucrativa que, em 2014, movimentou US$ 135 bilhões. E com a melhoria nas ferramentas de análise de hábitos dos usuários e com a quantidade cada vez maior de dispositivos diferentes acessando informações e sites que possuem sistemas integrados de publicidade, a expectativa é que esse total dobre até 2019. E aqui, mais uma vez, estamos falando de Google e Facebook como os dois maiores players desse segmento.

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Com o AdSense, sua plataforma de propagandas direcionadas, a gigante das buscas é capaz de exibir propagandas a partir de seus mais diversos serviços, como o Gmail, Maps e, claro, pesquisas. O mesmo vale para a rede social de Mark Zuckerberg, que pode verificar seus amigos, páginas curtidas e posts compartilhados para, também, sugerir coisas, desde itens para serem comprados até novos conteúdos a serem exibidos em sua linha do tempo, mesmo que eles não correspondam necessariamente a alguém que você segue. E enquanto isso, ali do lado, também está rodando um quadro de publicidade direcionada daquele restaurante italiano que você cogitou ir outro dia.

Observando a distância

Dá para entrar também em outra questão relacionada aos cookies – o fato de estarmos sempre logados nos serviços de email e redes sociais que utilizamos diariamente. Essas informações, também, são responsáveis pelo compartilhamento de informações entre diversos dispositivos, permitindo, por exemplo, que uma página visualizada no celular influencie nas propagandas exibidas no computador de trabalho, enquanto aquela compra feita pelo tablet resulta na sugestão de produtos relacionados logo acima de sua caixa de email.

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O Facebook, por outro lado, opera apenas o seu sistema e, sendo assim, não teria como contar com uma abrangência tão grande. Na prática, por outro lado, a empresa abriu as portas para a comunidade de desenvolvedores e webmasters ao criar sistemas que permitem, por exemplo, o uso das credenciais da rede social para fazer login ou a colocação de um botão de “curtir” ou “compartilhar” na própria página do site que está sendo acessado. Isso, também, serve como uma forma de rastrear a utilização online e entregar publicidade e serviços direcionados a cada usuário.

Existem ainda os sistemas de acompanhamento que poderiam ser chamados de internos, por interferirem apenas na utilização de uma plataforma específica. É o caso, por exemplo, do rastreamento do que você assiste na Netflix para que novos filmes e séries sejam sugeridos, ou das listas de reprodução geradas por algoritmos no Spotify a partir de seus artistas e músicas favoritas.

Como escapar de tudo isso?

A maneira mais rápida e segura de não ser rastreado na internet é, obviamente, não a utilizando. Por outro lado, existem maneiras de contornar tal vigilância ou, pelo menos, reduzi-la sem que se interfira muito no dia-a-dia online. Vale a pena, por exemplo, das uma olhada nas configurações dos serviços que você utiliza em busca de informações sobre cookies e acompanhamento de utilização. Em muitos casos, elas estão escondidas e apresentam termos complexos, mas com um pouco de atenção, já dá para, pelo menos, tentar reduzir o alcance dos serviços online sobre sua vida.

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Outra opção é utilizar as opções de navegação anônima disponíveis em boa parte dos navegadores para computadores e dispositivos móveis. Nos celulares e tablets, por exemplo, elas estão disponíveis no menu de opções, enquanto no PC, provavelmente serão acessadas pela combinação de teclar Ctrl+Shift+N ou Ctrl+Shift+P.

Uma última alternativa é a utilização da rede Tor, uma das grandes aliadas dos defensores da privacidade e também dos residentes em países com grave censura e bloqueios na internet. Para proteger a privacidade de seus usuários, o sistema utiliza uma rede de nós que transferem o tráfego através da web, fazendo com que seja impossível identificar o usuário ou rastrear sua movimentação.

Lembre-se, porém, que nada disso adianta caso você resolva utilizar os métodos citados para acessar o Facebook. Nesse caso, por exemplo, você continuará a ser rastreado, mesmo que apenas dentro da própria rede social, e permanecerá entregando de bom grado as informações sobre seu histórico para a empresa. O mesmo vale para outros serviços que exijam login ou dependam desse tipo de recurso para funcionar.