Novo algoritmo da Netflix consome menos dados sem afetar qualidade do streaming
Por Caio Carvalho | 16 de Dezembro de 2015 às 11h05
Talvez você nem perceba, mas na hora de assistir a um vídeo no YouTube ou na Netflix, a plataforma executa o conteúdo com base na sua velocidade de internet - quanto maior ela for, maior será a qualidade da transmissão. Neste quesito, a companhia norte-americana responsável por House of Cards e Jessica Jones tem se esforçado, desde 2011, para aprimorar a forma como transmite seus programas aos usuários. E os trabalhos de melhoria vão continuar no ano que vem, com uma novidade que promete agradar principalmente quem utiliza conexões mais lentas.
Em entrevista à revista Variety, Anne Aaron, chefe de desenvolvimento e algoritmos de vídeo na Netflix, confirmou que a companhia em breve terá um novo algoritmo mais inteligente e mais rápido. Na prática, o objetivo é oferecer streaming de vídeos que consome 20% menos dados e sem reduzir a qualidade daquilo que o usuário está assistindo.
Atualmente, o catálogo da entidade ocupa mais de 3 petabytes de armazenamento na nuvem, uma vez que é preciso guardar cada título em diferentes resoluções (tanto de imagem quanto de áudio) e tamanhos oferecidas pela plataforma. Isso sem contar que cada um desses filmes roda de uma maneira diferente em cada dispositivo, seja ele um tablet, uma TV ou smartphone.
Com o novo algoritmo, ao invés de adequar a transmissão com base única e exclusivamente na velocidade de conexão do usuário, a Netflix passará a levar em conta também o filme, série ou programa de TV visualizado naquele momento. Para a plataforma, nem todos os títulos precisam ter exatamente a mesma taxa de bits, que varia de acordo com tipo de conteúdo. "Você não deve atribuir a mesma quantidade de bits para My Little Pony e para Os Vingadores", destacou Aaron.
O exemplo citado pela executiva faz todo o sentido para justificar a criação do novo algoritmo. Enquanto o filme de super-heróis da Marvel exige a máxima qualidade de áudio e imagem para reproduzir todos os efeitos visuais e sonoros, o desenho My Little Pony precisa de uma taxa de bits muito inferior - mais precisamente de apenas 1.500 kbps para rodar em Full HD. Lembrando que, quanto maior for a quantidade de bits (ou bitrate), maior é a quantidade de informação armazenada pelo vídeo em um segundo.
Ainda segundo a Netflix, a empresa está fazendo testes com a audiência para saber se os usuários são capazes de notar a diferença desse novo algoritmo. Como informa a Variety, que participou de uma apresentação na sede da companhia, dois episódios de Orange is the New Black foram exibidos em alta resolução em duas TVs lado a lado: uma delas rodava a 5.800 kbps, enquanto a outra transmitia a mesma imagem a 4.640 kbps. Segundo a revista, a qualidade de imagem era praticamente a mesma, o que significa que, pelo menos no aspecto técnico, houve uma economia de 20% no consumo de dados.
A Netflix afirma que o algoritmo estará disponível em todos os países em que a empresa atua até o final de 2016 e que todo o catálogo deve ser adequado à novidade até o primeiro trimestre do próximo ano.
Fonte: Variety