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O Internet Explorer vai morrer (e ninguém vai sentir falta)

Por| 12 de Janeiro de 2016 às 14h58

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O Internet Explorer vai morrer (e ninguém vai sentir falta)
O Internet Explorer vai morrer (e ninguém vai sentir falta)

A Microsoft anunciou nesta terça-feira (12) que, finalmente, vai deixar de oferecer suporte para o Internet Explorer. Mais especificamente, as versões que atualmente costumam receber atualizações de segurança — 8, 9 e 10 — não recebem mais aquelas correções que deixam tudo dentro dos conformes para você navegar tranquilamente e longe das ameaças que povoam a web.

Isso acontece por dois grandes motivos: o primeiro é o cumprimento de algo que vinha sendo avisado desde julho de 2014; o segundo é mais sensível e envolve o necessário afastamento da Microsoft daquela que provavelmente figura entre uma das piores marcas do mundo da internet. Tanto é que, oficialmente, o Windows 10 é a primeira versão do sistema desde o Windows 98 que não traz o Internet Explorer como navegador padrão. O herdeiro do IE é o Microsoft Edge, browser que deve ser capaz de concorrer de frente com Chrome, Firefox e Opera — ao menos é isso que espera a Microsoft.

Mas a pergunta que fica é: qual é o legado do Internet Explorer mais de 20 anos após o seu lançamento oficial, que ocorreu em 23 de agosto de 1995? Alguém vai sentir falta do IE? Apesar de ele fazer parte da vida de basicamente todo mundo que acessou a internet entre a metade dos anos 90 e a metade dos anos 2000, é bem provável que ninguém vá realmente sentir falta do aplicativo padrão da Microsoft para acessar a internet durante 20 anos.

Monopólio, sucesso e estagnação

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Entre 1995 e 2001, a Microsoft lançou seis versões do IE, ou seja, uma média de quase uma versão nova por ano. Vale lembrar que a internet ainda dava seus primeiros passos, o conteúdo disponibilizado na rede era absurdamente simples e não havia nem um lampejo da abundância de páginas que temos atualmente. Diante deste cenário, um navegador simples e que funcionava em uma tela única parecia algo altamente plausível — e foi o que a Microsoft fez.

Internet Explorer: vai tarde! (Foto: Reprodução/Wikimedia Commons)

Pensando em frear o avanço do Netscape, que dominava o mercado de navegadores na metade dos anos 1990, a companhia de Redmond lançou o Microsoft Internet Explorer 1. Como ele era gratuito, logo ganhou popularidade e passou a ser distribuído junto do Windows 95. Na sequência, o software tornou-se parte dos programas nativos do sistema com o lançamento do Windows 98, alavancando ainda mais a sua posição dominante no setor dos browsers.

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Se o Netscape era melhor, inclusive sendo um dos primeiros navegadores a contar com navegação em abas (e que posteriormente também passou a ser oferecido gratuitamente), pouco importava. O IE vinha instalado na máquina e, ao menos era o que se acreditava, dava conta das necessidades de quem acessava a web. A posição confortável de liderança levou à estagnação.

Assim, entre 2001 e 2006, a Microsoft não lançou nenhuma grande atualização para o Internet Explorer, mantendo por mais de cinco anos na versão 6. O avanço das alternativas, especialmente o Mozilla Firefox, lançado em 2004 e por anos a principal alternativa ao navegador da MS, obrigou a companhia a mudar seu produto — então o mundo foi apresentado ao IE 7 em 18 de outubro de 2006. Apesar do suporte para navegação em abas e de mudanças drásticas na interface, o estrago já estava feito e, dois anos depois, o lançamento do Google Chrome marcaria mais um prego no caixão do IE.

O legado? Zero!

Pode parecer exagerado afirmar que o Internet Explorer não deixou nenhum legado para a internet, mas não é. A Microsoft sempre foi melhor em implementar padrões nos setores em que atua do que em seguir aqueles definidos de maneira alheia à sua vontade. Assim, a companhia demorou em seguir as definições estabelecidas pelo consórcio World Wide Web, responsável por definir os padrões da rede mundial de computadores.

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E como isso se traduzia no dia a dia? Foi uma espécie de freio na evolução tecnológica do conteúdo disponível na web. Como o IE era o principal navegador do mundo, ele “não precisava” seguir padrões que não desejasse. Assim, conteúdos que fluíam bem em navegadores como Firefox e Opera não se enquadravam tão bem no IE, ou seja, desenvolvedores precisavam quebrar a cabeça para encontrar um meio termo — e quem perdeu com a teimosia da MS foi o usuário de internet.

Além disso, havia ainda as falhas de segurança que demoravam em ser solucionadas pela Microsoft, tornando o cenário ainda pior. Quatro anos após a chegada do Firefox, outro navegador chegaria para definir o destino trágico do IE: era lançado o Google Chrome, que já chegou ao mundo com um forte esquema de publicidade em torno de si. Somando isso ao fato de ser um programa mais leve do que as principais alternativas de então, dentro de alguns anos ele conseguiu superar o IE.

Começava ali o declínio que levaria a marca Internet Explorer ao limbo. As versões lançadas nos últimos anos não foram capaz de frear a queda livre do IE, que tinha uma fatia de mercado de quase 70% em julho de 2008 e, atualmente, é usado por pouco mais de 16% das pessoas que acessam a internet a partir de um computador — dados do site StatCounter. Agora, apesar de ainda ativo, o IE já foi dado como morto e será abandonado aos poucos, provavelmente sem deixar saudades em ninguém.

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IE: queda livre desde o lançamento do Chrome. (Foto: Reprodução/StatCounter)

O que resta da Microsoft, agora, é correr para tentar reduzir o prejuízo. Em um contexto cada vez mais inserido na web, o navegador ocupa um papel central em um computador, e é bem provável que isso aumente ainda mais nos próximos anos. Então, a pergunta que fica é: o Microsoft Edge conseguirá apagar a péssima impressão histórica deixada por seu antecessor? Pessoalmente, eu aposto que não.

Apesar de ser provável um crescimento de uso do Edge nos próximos anos, afinal ele vem instalado no Windows 10, isso não deixa de ser novidade e, convenhamos, não tão ruim quanto era o IE. É preciso de algo realmente revolucionário para atingir e comprometer a popularidade do Chrome — sem esquecer de que o Firefox e o Opera continuam aí, firmes e fortes. O calvário do navegador da Microsoft não acabou, mas, pelo menos, nós temos alternativas.