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Afinal, qual é a hora de trocar de smartphone? (parte 2)

Por| 14 de Fevereiro de 2016 às 12h15

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Afinal, qual é a hora de trocar de smartphone? (parte 2)
Afinal, qual é a hora de trocar de smartphone? (parte 2)

Atualização de sistema operacional

Geralmente, quando um novo modelo é anunciado, fabricantes garantem um determinado número de upgrades previstos para novas versões. Os aparelhos da linha Nexus e os iPhones costumeiramente suportam até três atualizações, mas é muito raro ver esse tipo de compromisso de outros fabricantes. Aliás, a quantidade de argumentos estúpidos utilizados por muitos para não atualizar certos modelos chega a ser preocupante, com uma boa quantidade deles sendo anunciados e esquecidos logo em seguida. O problema de anunciar muitos aparelhos – uma estratégia ainda muito utilizada pela Samsung – é que o usuário pode ter certeza de que somente uma pequena porcentagem deles será atualizado. Quer a versão mais recente do Android? Então compre um novíssimo Galaxy X Y Z On Core Prime Duos New Edition. Caso contrário, azar o seu.

Não há interface gráfica que consiga competir com versões mais recentes do sistema operacional. Elas podem até adicionar alguns recursos bacanas e diferenciais importantes em alguns casos, mas proíbe o usuário de ter acesso ao que há de mais novo na plataforma. A primeira dica, nesse quesito, é: não compre aparelhos que não serão atualizados. Se o fabricante não dá atenção às atualizações por considerar que ele é fraco demais para isso, você deveria fazer o mesmo e passar longe deles. Chega a ser frustrante ver aparelhos abandonados ao acaso ainda em 2016, anunciados sem a menor possibilidade de atualização.

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A verdade é que é difícil imaginar uma configuração mais recente não sendo capaz de rodar o Android 6.0 Marshmallow, e, por outro lado, alguns modelos anunciados ainda com a versão 4.4 Kit Kat. No entanto, não adianta esperar atualizações eternas, já que 2 ou 3 atualizações já começam a prejudicar o desempenho de certos modelos, ou mesmo precisam de recursos de hardware não disponíveis quando o aparelho foi originalmente projetado. Se por um lado a Apple disponibiliza o iOS 9 até para o iPhone 4s, pouquíssima coisa pode ser aproveitada, já que recursos como o Touch ID e 3D Touch não serão aproveitados, que dirá suporte nativo para gravação de vídeos em 4K.

Garantia estendida e seguros

Por lei, fabricantes são obrigados a oferecer três meses de garantia para qualquer produto vendido no Brasil. Irrisório, é claro, mas dificilmente um smartphone é vendido sem ter pelo menos um ano de garantia, e alguns fabricantes mais maneiros estendem essa garantia para dois anos. Porém, muitas lojas tentam empurrar uma garantia estendida (em suaves prestações durante o resto da sua vida), cada loja operando com um valor diferente. A sensação que eles querem passar (ou vender) é que você pode ficar tranquilo durante muito tempo, o que, na prática, é quase uma doação voluntária do consumidor por um serviço que não será utilizado.

Por quê? Em primeiro lugar, porque você está pagando adiantado por um serviço que você pode ou não utilizar no futuro, o que na prática, na maioria das vezes, acaba saindo mais caro do que quebrar o aparelho e pagar pelo conserto. Digamos que a tela apresentou algum defeito e custe R$ 400 para consertá-la, e que, claro, isso ocorreu depois de um ano de uso. Valeu a pena pagar aquelas suaves prestações de R$ 19 durante 24 meses (um valor bastante comum em lojas online, totalizando R$ 456)? É uma conta hipotética, mas raras são as garantias estendidas que saem mais barato do que o conserto do aparelho.

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E outra: a garantia é para defeitos de fabricação, geralmente restritos ao hardware. Pagar esse valor esperando uma cobertura contra acidentes, como muitos vendedores convencem o usuário, é pedir para passar raiva. Mesmo que você tenha pago a garantia estendida e quebre a tela, ou o danifique mergulhando-o acidentalmente na água, quem pagará o conserto será você. E mesmo assim as cobranças da garantia estendida continuarão chegando.

A confusão é que a promessa de cobertura da garantia estendida é confundida com seguro, uma prática muito comum de quem investiu caro no aparelho. No caso do seguro, é uma questão de dimensionar quanto tempo você ficará com o aparelho e o custo potencial de ter que consertá-lo, ou mesmo substituí-lo em caso de roubo. Em alguns casos, assim como seguros de carro, você paga pela tranquilidade, e não já calculando que um dano futuro irá acontecer. Assim como quem contrata seguro de veículos não tem planos de bater o carro, não se contrata o seguro de smartphone para ter a segurança de jogá-lo na parede. Mas, em alguns casos, dependendo do valor, pode valer a pena sim. Já a garantia estendia, muito, mas muito raramente.

Vale comprar smartphones usados?

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Do amigo que trocou de smartphone e o antigo está sobrando até grandes sites como a OLX, o mercado de smartphones usados é, curiosamente, bastante ativo. Naturalmente, os modelos mais caros são os mais procurados, com muitos usuários preferindo comprar um top de linha usado do que um aparelho mais simples novo, mas muitos ainda ficam com o pé atrás. E não sem motivo. É bastante comum comprar carros usados, mas smartphones duram muito menos, de forma que o risco de mal negócio é muito maior, em especial pelos motivos que vimos na primeira parte deste artigo.

Mesmo que um certo modelo esteja intacto por fora, sem riscos na tela ou com a estrutura danificada, isso não significa que o aparelho esteja inteiro, em especial aparelhos com mais de um ano de uso. É muito comum usuários de iPhone venderem o modelo anterior e usar o dinheiro como parte do pagamento de um novo, de forma que a geração imediatamente anterior ao modelo corrente aparece aos montes depois de um anúncio oficial. Vale a pena, tanto para o iPhone ou qualquer outro modelo? Bom, a bateria é o principal item degradado, de forma que o usuário não deve ter muitas esperanças nesse item, mas não é o único.

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Outro ponto comentado é a memória interna, basicamente um SSD com capacidade reduzida em comparação a computadores. A degradação de desempenho de um modelo, quando ele começa a ficar perceptivelmente lento, é causada, na maioria das vezes, pela memória interna. Por terem menos capacidade do que um SSD de computadores, há uma concentração maior de escritas/leituras, e por mais que o sistema operacional minimize isso com o TRIM, o desempenho deles decai consideravelmente mais rápido. Antes de comprar, basta mexer um pouco no modelo e ver como ele se sai.

Então, duas dicas: evite comprar modelos com mais de um ano de uso, evitando ao máximo modelos com mais ciclos de bateria, e foque em modelos com mais capacidade de memória interna. Quando maior o armazenamento, maior a área onde a distribuição de ciclos de leitura e escrita ficam concentrados, resultando em uma maior longevidade do aparelho lembrando que aparelhos mais caros usam SSDs mais rápidos e com qualidade maior. E claro que o aparelho tem que estar com um preço realmente competitivo, compensando comprá-lo em vez de um modelo tecnicamente inferior, mas zerado.

Obsolescência programada

Degradação de desempenho e autonomia de bateria são esperados de qualquer modelo em qualquer faixa de preços. Porém, alguns modelos à venda começam a ficar lentos com poucos meses de uso, independentemente do cuidado ou intensidade de uso. Ainda que isso tenha se tornado bastante raro atualmente, alguns fabricantes ainda colocam modelos assim à venda. E muitos usuários iludidos com um preço menor acabam com uma experiência de uso tão ruim em pouco tempo que acabam comprando um novo modelo em poucos meses.

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É relativamente fácil de identificar esses modelos, conhecidos como baixo custo, que são projetados para serem ruins desde o primeiro dia. Normalmente, trazem versões desatualizadas do Android e configurações péssimas, como 4 GB de memória interna ou 512 MB de memória RAM. Não há conserto que resolva isso, de forma que o usuário ficará preso com um modelo ruim até comprar um novo. Para evitar esse obsolescência programada, montamos um artigo completo explicando quais as características de um aparelho básico, intermediário e avançado. Como dissemos lá, configurações abaixo de um modelo básico são praticamente certeza de dor de cabeça, e com certeza um péssimo negócio.

Conclusão

Bom, chegamos até aqui sem deixar muito claro qual é a hora de trocar de aparelho, mas sim explicando as características que alertam que está na hora de trocar de smartphone. Seria bastante simplista colocar algum marco de tempo, como um ano para modelos básicos, dois para intermediários e três para avançados, mas seria incorreto. A forma que utilizamos nossos smartphones é completamente subjetiva, o que acaba resultando em diferentes graus de degradação, de forma que um modelo avançado pode durar menos de seis meses, assim como um básico pode ultrapassar os 3 anos sem problemas.

Muito disso depende do cuidado do usuário, como sempre usar capas de proteção, deixá-lo longe de lugares úmidos, evitar deixá-lo ligado na tomada depois de completamente carregado e, especialmente, evitar utilizá-lo enquanto carrega, que é uma receita para superaquecer qualquer aparelho. No caso da bateria, por exemplo, um dos principais erros é carregá-la sem necessidade, já não raro usuários colocam seus smartphones para carregar mesmo que ele esteja com 65% de carga. Fazendo isso já é um bom começo para adiar os principais sinais de que é necessário comprar um novo e economizar dinheiro.