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Como fazer um upgrade de forma correta no PC, parte 1: armazenamento

Por| 29 de Março de 2016 às 20h30

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Tivemos vários incentivos para criar essa série de artigos, explicando como atualizar o PC de forma correta. Em primeiro lugar, como os componentes internos dos PCs, assim como praticamente qualquer eletrônico vendido no Brasil, são altamente dolarizados, seus preços aumentaram bastante nos últimos dois anos. Assim como a incidência de impostos, o que torna impraticável a compra de um modelo novo para muitas pessoas. Ainda é possível encontrar alguns componentes com preços menores, já que algumas lojas ainda trabalham com estoques antigos, mas isso está se tornando cada vez mais raro.

Nosso segundo motivo é a falta de necessidade de uma máquina nova, já que PCs e notebooks, em especial de fabricantes reconhecidas, possuem um bom ciclo de vida, e muitas vezes acabamos comprando um modelo novo sem que o antigo tenha apresentado defeitos. Outro é que, em alguns casos, vale mais a pena atualizar certos componentes da máquina do que comprar uma nova, dependendo da necessidade do usuário. É o famoso “gargalo”, que, se eliminado, garante alguns bons anos de vida para a máquina, sendo mais barato e efetivo do que comprar uma máquina nova.

Para começar a série, vamos conversar um pouco sobre o armazenamento, um dos primeiros componentes a deixar o usuário na mão e que mais impacta no desempenho final em praticamente qualquer configuração, do Atom ao Core i7.

Por que comprar um SSD

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Quem já chegou a usar uma máquina com SSD, independentemente da configuração, dificilmente fica satisfeito com outra que não possua um. Não sem motivo, aliás, já que os discos rígidos costumam ser o principal gargalo de qualquer máquina, não raro deixando configurações de alto desempenho com uma morosidade irritante. Além de terem ficado mais baratos e com capacidades respeitáveis (chegando a absurdos 16 TB em um modelo da Samsung), eles estão ficando cada vez mais rápidos. Tão rápidos que o conector SATA III, ainda praticamente onipresente em qualquer máquina, já não é mais suficiente para aguentar tanta potência, sendo substituído por novos padrões de conexão, como SATA Express, SATA M.2, além de novos protocolos, como o NVMe.

Os SSDs já começaram a se popularizar em novas conexões, mas há uma boa quantidade de SSDs SATA de alta qualidade no mercado.

Mas, "pera": o foco aqui não é upgrade? Então que diferença faz esses novos padrões se eles não estão presente na maioria das configurações? Simples: quando o mercado começa a migração para um novo padrão, os “antigos” não deixam de ser produzidos, além de ficarem mais acessíveis. Modelos de 128 GB ou 256 GB chegaram a patamares de preços “pagáveis” para a maioria dos usuários, sendo uma das melhores opções de upgrade que o usuário pode fazer sem gastar muito ou ter dor de cabeça, isso tanto para computadores de mesa quanto notebooks.

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Como fazer

Em primeiro lugar, é importante ver qual é o padrão de conexão da máquina. SATA I, II e III utilizam o mesmo conector, mas trabalham com velocidades máximas teóricas diferentes (1,5 Gbps, 3,0 Gbps e 6,0 Gbps, respectivamente). Ou seja, não vale a pena investir tão alto em um SSD de última geração se a sua máquina não tem como trabalhar com tanta velocidade. Por exemplo, se você possui uma placa-mãe com conectores SATA II e está em dúvida entre um modelo de 256 GB SATA II ou 128 GB SATA III, vale mais escolher o primeiro, priorizando a maior capacidade em vez de uma velocidade de transferência máxima para ficar sobrando.

E, mesmo porque, por mais que as velocidades máximas dos SSDs sejam bem superiores às dos HDs, elas são medidas considerando uma transferência contínua, como filmes muito grandes, um caso que é bastante raro no dia a dia de uso de um computador. Os ganhos de velocidade de uma máquina ao fazer o upgrade para um SSD estão nas leituras e escritas aleatórias, algo que discos rígidos têm dificuldade de trabalhar por serem componentes mecânicos, de forma que não vale investir tanto em um SSD que consiga alcançar até 550 MB/s se o uso cotidiano pouco aproveita isso, ou mesmo a máquina não consegue chegar nessa velocidade.

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A vantagem dos desktops é que eles suportam vários discos simultaneamente.

Um outro ponto é que tudo é aproveitado no processo. Ao usar um SSD como disco de armazenamento primário, o disco rígido antigo pode entrar como armazenamento secundário, já que desktops trazem a vantagem de suportar vários discos. Programas e dados importantes, acessados continuamente, ficam no SSD para acesso rápido. Imagens, filmes e músicas, que pouco dependem de velocidades maiores de transferência, podem fica no disco secundário, já que não são acessados com tanta frequência.

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Em desktops, essa é uma das melhores combinações possíveis. Não é necessário ter uma máquina de última geração para ter um computador responsivo e capaz de lidar com a maioria das tarefas, de edição de textos até jogos mais recentes (chegaremos nesse ponto nos próximos artigos). Em notebooks, que na maioria dos modelos suportam somente um disco, não é possível ter dois, mas os ganhos de desempenho permanecem. De quebra, SSDs consomem menos energia, dando um gás na autonomia de bateria.

O que NÃO fazer

Da mesma forma que os SSDs ficaram populares, o mesmo aconteceu com discos rígidos “de alto desempenho”, modelos voltados para gamers e profissionais audiovisuais que trazem 10.000 RPM ou mais. De fato, eles são realmente mais velozes do que que discos convencionais, muitas vezes batendo 200 MB/s de velocidade máxima de transferência (HDs “normais” chegam a 110 MB/s e olhe lá) e trazem componentes internos superiores, o que melhora a capacidade de acesso aleatório dos HDs, um dos principais calcanhares de Aquiles desses componentes.

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Mais rápidos do que discos rígidos normais com mais capacidade do que SSDs. Por outro lado, menos capacidade do que HDs comuns e mais lerdos do que SSDs, além de caros demais.

Então, vale a pena? Sinceramente, não. Esses modelos são uma tentativa de aliar a velocidade dos SSDs com a capacidade maior dos discos rígidos. O problema é que eles não se destacam em nenhum dos dois, já que não trazem tanta capacidade de HDs normais e apanham feio de SSDs de entrada. De quebra, são impossivelmente caros, chegando a R$ 1.500 em modelos de 3 ou 4 TB. Vale mais comprar um SSD de 256 e um HD de 4 TB “normal”, que oferece mais velocidade e capacidade, do que comprar um HD de 4 TB “gamer”. De quebra, é mais barato.

Conclusão

A verdade é que, para a maioria das pessoas, o ganho de fazer o upgrade para um SSD é muito maior do que fazer um upgrade de processador, ou dobrar a quantidade de memória RAM. Programas de benchmark costumam dar uma prioridade muito grande ao processador e à placa de vídeo, de forma que atualizar esses dois componentes aumentaria muito mais a pontuação final do que passar a usar um SSD. Porém, esses números não refletem tão bem fatores muito mais práticos no uso de um computador, como um menor tempo de inicialização, programas abrindo mais rapidamente em uma fluidez geral de sistema na grande maioria das situações.

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SSDs são apenas um componente, mas é certamente o que faz mais diferença, além de ser o que dá menos trabalho de trocar. Mas isso não é o único elemento que pode ser atualizado, mesmo em máquinas um pouco mais antigas. Vamos cobrir com mais detalhes cada um dos fatores que faz diferença para um usuário que já possui uma máquina, como atualizar o kit de memória RAM, processador (assim como a refrigeração geral do sistema, pensando em overclocks), placas de vídeo e até mesmo a fonte. No final das contas, resolver os problemas existentes na máquina atual e dar um boost em pontos essenciais pode valer mais a pena, além de ser mais barato, do que comprar uma máquina nova.

SÉRIE COMPLETA: