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Região Norte do Brasil é a que mais faz buscas sobre estupro no Google

Por| 30 de Maio de 2016 às 19h19

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A barbárie envolvendo uma menina de 16 anos estuprada por 33 homens no último fim de semana, no Rio de Janeiro, repercutiu em todo o país. Agora, graças a essa projeção nas ruas e na internet, um novo levantamento mostra que as buscas virtuais por expressões ligadas ao estupro cresceram de forma bastante significativa no Brasil.

De acordo com o Google, as pesquisas indicam que a maioria dos usuários que procura por esses termos ou é composta por vítimas de algum abuso sexual ou tem curiosidade por relatos de violência sexual. Além disso, o relatório traz um panorama de como a web é usada para buscar orientação e ajuda diante da comoção e revolta causada pelo estupro coletivo da adolescente carioca.

A pesquisa computou dados dos últimos 11 anos, e foi realizada entre abril de 2004 e abril de 2016. Foram levadas em consideração expressões como "fui abusada", "fui molestada", "fui assediada" e "fui estuprada". Apesar de não fornecer números exatos de buscas, o Google elaborou um ranking onde determinadas expressões foram procuradas na última década. Para chegar até esse ranking, o número de buscas é dividido pela população local, e o Estado com o índice proporcional mais alto é tomado como base para calcular a posição dos demais.

O estado onde mais se buscou por "fui estuprada" foi Roraima. Segundo dados mais recentes do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, referentes a 2014, esse é o Estado com a maior taxa de estupros do país, levando em conta os boletins de ocorrência: 55,5 casos a cada 100 mil habitantes. Roraima também aparece em primeiro lugar em taxas de tentativa de estupro, seguida por Acre, Rio Grande do Sul, Amazonas e Alagoas.

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No ranking de buscas por "fui estuprada", Acre aparece na segunda posição, seguido do Amazonas, Rio de Janeiro e Paraíba. No caso de "fui molestada", Piauí aparece no topo da lista, e na sequência os Estados do Tocantins, Amazonas, Sergipe e Maranhão. Já aqueles onde a frase "fui abusada" apareceu mais vezes são o Amazonas, Paraíba, Distrito Federal, São Paulo e Pará.

(Foto: Leo Correa/AP Photo)

Segundo um levantamento de 2011 feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea), 70% dos estupros são cometidos por parentes, namorados ou amigos e conhecidos da vítima - algo que também se revela nas buscas feitas no Google. Entre as constatações estão:

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  • Tocantins foi o campeão de buscas por "fui estuprada pelo meu pai"
  • Alagoas teve mais buscas de "fui estuprada pelo meu padrasto"
  • Mato Grosso do Sul foi campeão em "fui estuprada pelo meu namorado"
  • Mato Grosso registrou o maior número de "fui estuprada pelo meu tio"
  • Amazonas foi o campeão em "fui estuprada pelo meu primo"
  • Paraíba teve o maior índice de buscas de "fui estuprada pelo meu amigo"
  • E o Pará, de "fui estuprada pelo meu avô"

"Mesmo proporcionalmente, é interessante que o Norte apareça no topo destas pesquisas. Como o acesso à internet no Sudeste é muito grande, mesmo diluído na população, deveria haver mais buscas dessa região", disse Juliana Cunha, diretora psicossocial da ONG Safernet. "Em todas as pesquisas do tipo, notamos que São Paulo e Rio aparecem mais. Os acessos do helpline (telefone para pedidos de ajuda) da Safernet são mais de São Paulo e Rio. Em número de casos de vítimas que tiveram imagens de nudez compartilhadas sem consentimento, por exemplo, São Paulo está sempre em primeiro lugar", completou.

Ainda segundo Juliana, dados como os do Google são importantes porque podem ajudar na criação de públicas públicas para as cidadãs do Norte e Nordeste, já que essa é possivelmente uma população de mulheres mais vulnerável.

Além disso, a diretora destaca a importância da internet como espaço de acolhimento às vítimas. "O fato de a mulher ter sofrido uma situação de violência não necessariamente implica que ela perceba essa situação como violenta. Muitas vezes é um outro que vem de fora que diz que isso é sério, grave, não é sua culpa. A internet está sendo esse 'outro'", alegou.

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"Nos espaços (online), essas meninas têm oportunidade de saber quais são os seus direitos e serem acolhidas. Coisa que muitas vezes não acontece se eras forem na delegacia, por exemplo. Buscar na internet é uma forma de dar significado ao que aconteceu. É um espaço de tirar essa dúvida, de saber se está errada, de ouvir outros relatos e saber se o que viveu é um caso para denúncia", concluiu.

Fonte: BBC Brasil