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Está no fim a era da entrada para fones no celular?

Por| 13 de Julho de 2016 às 19h45

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Está no fim a era da entrada para fones no celular?
Está no fim a era da entrada para fones no celular?

Quem acompanha o noticiário de tecnologia já sabe: quando os rumores sobre um novo iPhone SE repetem demais, eles provavelmente são verdadeiros. Por isso, boa parte do mercado já considera que, sim, o novo smartphone da Apple vai abandonar a tradicional entrada para fones de ouvido, existente desde os primórdios da tecnologia.

Apesar da revolta dos usuários quanto a isso, a mudança faz todo o sentido para a Apple, não apenas por coloca-la no papel de agente das mudanças que ela própria deseja ver no segmento, mas também por permitir mudanças no design. A conexão P2 é, ainda hoje, um dos grandes obstáculos para que os smartphones fiquem ainda mais finos, e o fim dela representaria, para a Maçã, alguns milímetros poderosos para torna-la ainda mais diferente da concorrência.

Além disso, a inexistência de uma abertura analógica desse tipo aumentaria a resistência dos dispositivos à poeira e água, aumentando sua vida útil e também reduzindo os gastos com manutenção, principalmente, para os usuários. Entretanto, essa é uma troca que muitos ainda não estão dispostos a fazer, pois também significa aposentar os velhos “foninhos” baratos, usados há anos por dentro da camisa.

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Mesmo antes de os rumores sobre a Apple estarem confirmados, e por mais que a maioria dos fabricantes de celulares Android terem firmado seu compromisso com a entrada P2 – até mesmo como uma forma de atrair os insatisfeitos com o iPhone 7 –, as fabricantes de acessórios já se preparam para a mudança. Afinal de contas, como várias ocasiões já mostraram, as críticas e choque iniciais sobre decisões da Maçã normalmente são seguidas por uma efetiva mudança de padrão.

Multiplicação das entradas

Apesar de ser uma entrada analógica e vulnerável à água e poeira, a entrada P2 é o que temos hoje de mais próximo em termos de padrão na tecnologia móvel. Não importa a qualidade e a procedência do acessório adquirido, quando se fala nesse tipo de conexão, uma coisa é certa: ele vai funcionar com o seu celular, e também com outros aparelhos que você possua.

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Entretanto, essa entrada também é suscetível a interferências, o que já faz com que muitas fabricantes de periféricos para PC, por exemplo, prefiram a conexão USB para seus aparelhos. Na maioria dos casos, a configuração é tão simples quanto, bastando plugar o aparelho na entrada, e ainda existem ganhos em qualidade, tempo de resposta e a adição de funcionalidades extras a partir de uma conexão que não transmite apenas áudio, mas também dados.

No caso do PC, a escolha muitas vezes fica por conta do usuário. Enquanto muitos fabricantes optam por criar headsets exclusivamente USB, outros permitem que o cliente faça essa escolha, incluindo no pacote, também, uma opção de cabo P2. Além disso, vale a pena citar aparelhos como o PlayStation 4, que ainda possuem uma conexão tradicional para fones no próprio controle e possui uma base significativa e merecedora de suporte. O video game ainda deve demorar algum tempo para “sair de linha”, mantendo a entrada ativa no mercado por mais alguns anos.

Quando se inclui o mundo mobile na equação, então, pelo menos mais três tipos de conectores devem ser adicionados. A Apple, claro, vai seguir com sua entrada Lightning, proprietária, no iPhone 7, enquanto as outras fabricantes irão adiante com o formato micro USB que é usado nos dias de hoje. Já é vislumbrada a transição para o padrão USB-C, reversível e com a capacidade de transmitir dados e energia ao mesmo tempo, sem perdas.

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Haja adaptadores para dar conta de tudo isso, e a noção é que o ônus dessa mudança cairá sobre o consumidor. A Apple dificilmente vai incluir um conversor de Lightning para P2 na caixa do iPhone 7 como forma de facilitar a mudança, mas com toda certeza venderá esse tipo de acessório em sua loja online, gerando um gasto extra para quem quiser aproveitar acessórios antigos com o novo celular.

O mesmo vale também para as fabricantes de acessórios, que podem até incluir opções de diferentes conexões em suas embalagens, como é feito hoje entre P2 e USB no caso de headsets para PC, mas isso provavelmente somente acontecerá nos dispositivos mais caros. No restante, o que deve-se ver é uma segmentação do mercado, com diferentes versões dos mesmos aparelhos, ou então, linhas dedicadas apenas para um ou outro tipo de dispositivo.

É um caminho, entretanto, que poucas parecem dispostas a seguir. Empresas reconhecidas, como a V-Moda, Audeze e a Master & Dynamic já confirmaram estarem trabalhando em cabos Lightning ou USB-C, que seriam vendidos separadamente de acordo com o público a que cada acessório seria voltado. Quem quiser usar o mesmo produto em mais de um aparelho deve se preparar para investir mais.

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É um tipo de transição que chega a lembrar até mesmo o fim dos dumbphones e o início da era dos smartphones, quando fabricantes ainda investiam em conectores microUSB proprietários e por razões bizarras não acompanhavam saídas P2. Por outro lado, tais aparelhos muitas vezes acompanhavam os próprios “foninhos”, que poderiam até deixar a desejar em termos de qualidade, mas pelo menos evitavam gastos extras.

O caminho sem fios

Apesar das conexões estranhas entre si, existe alguma coisa que todos os dispositivos móveis têm em comum: a conexão Bluetooth. E esse pode acabar sendo o ponto em comum para a utilização de fones de ouvido, fazendo as vezes do P2 em termos de “compatibilidade universal”.

Essa, por exemplo, já é uma aposta da Sony, que faz com que a maioria dos headsets voltados ao PS3 e PlayStation 3 tenham a tecnologia, e sendo assim, também funcionem com celulares e tablets. O mesmo vale para empresas como a Skullcandy e a Jaybird, que estão colocando muitas fichas no Bluetooth como o “novo padrão” para esses tempos de transição de entradas e conectores.

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O benefício imediato, claro, é que não precisaríamos de adaptadores. A esmagadora maioria dos celulares do mercado possui Bluetooth. E o fato de que essa é uma tecnologia um tanto quanto temperamental é compensada pela utilização da antena NFC, presente principalmente nos dispositivos de alto padrão, que exigem apenas a aproximação entre os aparelhos para que o pareamento ocorra.

Por outro lado, o suporte pode ser um pouco capenga, e enquanto alguns dispositivos apresentam áudio cristalino, outros podem trazer interferências, dependendo da distância entre aparelho e fone, ou lags, principalmente na utilização de vídeos via streaming. Isso sem falar, claro, no consumo de bateria, uma vez que fones Bluetooth precisam ser recarregados também, além do uso da conexão exigir mais do próprio aparelho.

O que ganhamos com a mudança?

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Falando assim, parece até que o provável desaparecimento da porta P2, além de afinar os celulares, traz poucos benefícios. Entretanto, eles existem sim, e se situam, principalmente, no campo da qualidade de áudio e das funcionalidades, principalmente quando se fala de conexões USB-C ou Lightning.

O primeiro ganho se aplica sobre a questão das baterias, que acabamos de citar. As novas conexões permitem que não apenas dados, mas também energia sejam transferidos, e em ambas as direções. Isso significa que vai dar para recarregar seu headset com a energia do celular, ou utilizar uma única fonte para realizar ambas as tarefas. Ao mesmo tempo, seu fone de ouvido também pode se tornar uma espécie de bateria portátil para o smartphone, emprestando sua energia para ele em caso de necessidade.

Funções mais inteligentes também chegam como parte das novas conexões. Se por meio da entrada P2 era possível apenas atender a chamadas e aumentar ou abaixar o volume, agora eles poderiam fazer muito mais. Sensores de rastreamento de movimento poderiam ser colocados neles, para a prática de exercícios ou uso com dispositivos de realidade virtual, enquanto botões extras e microfones embutidos podem servir como atalhos para certas funções do celular, como assistentes de voz, por exemplo.

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Outras adições também se aplicam especificamente à tecnologia, como uma capacidade maior de redução de ruídos. Não é necessariamente uma necessidade para todos, mas uma conexão mais dinâmica para transmissão de dados também permitiria que os fabricantes investissem em sistemas ativos de cancelamento de sons externos, melhorando a qualidade do áudio e tornando melhor a vida daqueles que gostam de se isolar com a música.

Resta, no final das contas, saber se as pessoas estão efetivamente dispostas a pagar o preço extra por esse tipo de funcionalidade, que muitos podem considerar perfumaria. Por mais que a Apple tenha tido sucesso em um sem número de “disrupturas” desse tipo no passado, sempre sobra o argumento de que os usuários, dessa vez, podem simplesmente não aderir. O futuro dirá quem está certo aqui.