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Opinião: imagens do iPhone 7 mostram que a Apple esqueceu como inovar (Parte 2)

Por| 18 de Julho de 2016 às 23h30

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Nowhere Else
Nowhere Else

Exploramos a falta de criatividade da Apple na primeira parte deste artigo – algo que não chega a ser recente, mas que é demonstrado com intensidade maior na ausência de mudanças significativas no design do iPhone 7. Ainda que a Apple tenha um papel inegável na evolução explosiva e exponencial dos smartphones de qualquer plataforma, as novidades do iPhone passaram a ser cada vez mais escassas, usando a mesma estratégia de plataforma fechada desde a primeira geração.

Muito disso se deve ao fato de existir somente uma Apple, enquanto o Android está presente em dezenas de fabricantes e em diversos segmentos de produtos. É natural esperar que uma concorrência mais numerosa tenha a capacidade de criar novidades em um ritmo muito maior. Os fabricantes Android não concorrem somente com a Apple, mas também entre si, de forma que o espaço para atrasar novidades fica bem reduzido a algo que somente a Apple pode ser dar ao luxo de fazer, já que conta com um sistema operacional único para chamar de seu.

Porém, parece que a Apple não se preocupa com isso. Mesmo com a enorme quantidade de melhorias na grande parte dos fabricantes Android, a impressão que fica é que o iPhone, em especial, é imune qualquer pressão para adiantar as inovações que a Apple já preparou anos antes, mas adiou para as próximas versões do aparelho. Por que isso acontece?

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Elogio pré-aprovado

Não importa qual decisão a Apple toma em relação ao iPhone, o comprometimento que elas podem causar ou a motivação subjacente: usuários fervorosos aprovarão. Não importa que as baterias fiquem cada vez menores para que a espessura fique cada vez mais fina, ou que não exista suporte a cartões microSD, ou que o conector de fone de ouvido seja abandonado: tudo é racionalizado, explicado e, logo em seguida, aprovado. O elogio às decisões da Apple é pré-aprovado e incondicional.

Até mesmo a adoção de recursos que concorrentes do Android trazem há anos é justificado: "os smartphones não estavam preparados para o 4K. A Apple habilitou esse suporte somente quando a tecnologia estava boa o suficiente. A Apple sabe quando está pronto". O chanfro da câmera, resultado de um design muito fino, "é necessário pois o sensor é tão bom, mas tão bom, que não cabe dentro do aparelho".

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Se a Apple muda o design, fica excelente. Se não muda, também. Se muda somente alguns pequenos detalhes, melhor ainda.

O iPhone SE não é a demonstração que os iPhones estão caros demais e muitos perderam a motivação de continuar trocando de modelo ano após ano, mas sim "uma forma que a Apple encontrou de atender à demanda de modelos com telas menores". A carcaça é do iPhone 5S, e o que muda é somente a inscrição "SE" na parte de trás? "Bom, existem pessoas que preferem o design do iPhone 5s em vez do 6/6S, então foi uma decisão acertada da Apple".

Essa anuência automática não está restrita às mudanças que a Apple adota de forma errada, mas também se estende às decisões que não toma. Diversos comentários justificam a decisão de usar um design praticamente idêntico no iPhone 7 com argumento que o usuário gosta dele, não exigindo alterações. Um "Santo Graal" do design, que pouco deve ser alterado. Alia-se inovação com conservadorismo em uma mesma frase. O que a Apple faz está certo. O que não faz, também.

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O fato de a Apple usar exatamente a mesma carcaça do iPhone 5 no iPhone SE (junto com diversos outros componentes) não é economia de custos ou qualquer outro problema: é uma escolha consciente tomando a preferência do usuário como base. Mas é claro.

Conseguem ver o problema aqui? Basta se colocar na posição dos tomadores de decisão da empresa: se qualquer coisa será aprovada, por que inovar? Por que arcar com custos de produção maiores se o usuário defenderá qualquer tipo de decisão? Já que a aprovação do usuário é garantida, o foco passa a ser a redução e custos, reaproveitando designs, componentes e adiando novos recursos.

A ausência fones de ouvido

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Já abordamos este "novo problema", já que o espaço ocupado pelos conectores analógicos passou a ser um problema, aparentemente. Porém, abordamos a parte técnica da coisa, e não sua implicações em relação à inovação. O fato de o conector continuar sendo o Lightning já é um problema por si só, já que os Android estão indo no mesmo caminho, mas com o USB tipo C. Modelos mais básicos provavelmente continuarão trazendo conectores analógicos, assim como PCs, notebooks, tablets (ou será que o conector P3 é um problema para os tablets também?), MP3 players (que ainda existem)...

Ou seja: o novo problema será resolvido com uma nova solução, que acaba trazendo um novo problema. Quando você for comprar um fone, terá que escolher o que é compatível com os equipamentos que você usa: P3, USB tipo C ou Lightning. Na melhor das hipóteses, fabricantes passarão a oferecer os três, passando o custo de adaptação para o consumidor. Mas, com certeza, a Apple terá os seus fones Lightning à venda para quem quiser realmente ter uma experiência completa com o seu iPhone.

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A forma deve ser a mesma, mas quando a Apple pouco muda, esse conservadorismo é visto como inovação. Tudo que a Apple faz é inovação. Até os erros.

O desenvolvimento deixou de ter o foco na melhor experiência possível, levando em consideração a concorrência e oferecendo o produto mais inovador. Não importa ser o melhor. No texto passado dissemos que isso mais parecia preguiça, como se a Apple estivesse acomodada com seus "usuários garantidos", mas é mais do que isso, e é aqui que esse artigo começa a convergir. O abandono do conector P3 é somente um dos primeiros sintomas, já que o foco não é melhorar a qualidade do som. Ou mesmo de dar mais espaço para a bateria. Nem de longe.

O argumento de usar um conector digital em fones de ouvido não é novo. O problema é quando ele não é único, adotado por todos os fabricantes de todas as plataformas, como era o caso do P3.

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Na terceira parte, vamos explorar um dos argumentos mais destacados na escolha pelo iPhone, o iOS, sistema que recebe mais relevância por parte dos usuários do que o próprio aparelho. Em especial, pelo "mito" da integração entre software e hardware tão propagandeada por aí, de que o iOS trabalha melhor com menos. Será que o iOS é tão superior ao Android que justifique a escolha pelo iPhone ou isso é um argumento antigo (quando ainda fazia sentido) que é repetido até hoje?