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Quanto custa viver sem pirataria no Brasil?

Por| 11 de Agosto de 2016 às 10h29

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Quanto custa viver sem pirataria no Brasil?
Quanto custa viver sem pirataria no Brasil?

Há quem diga que a pirataria é a principal responsável por levar entretenimento e cultura aos quatro cantos do Brasil - e isso pode até ser verdade nas localidades mais remotas do país, mas já não é lá incontestável em grandes cidades e centros urbanos. Afinal de contas, com o advento da Banda Larga, dos serviços de streaming multimídia e plataformas digitais de assinatura, consumir os mais variados tipos de conteúdo legalmente se tornou acessível. E, acredite se quiser, há também um punhado de formas legais de acessar boa parte disso gratuitamente.

Portanto, antes de sair por aí comprando DVD pirata naquela banquinha que vende "3 por 10", crackear o mais recente game lançado para PC ou até mesmo mandar desbloquear seu videogame, venha conosco ver como é possível, sim, viver longe da pirataria e curtir desde revistas a jogos de videogame legalmente sem gastar muito.

Música

Muitos antes do surgimento da internet e do Napster, muita música era pirateada por aí longe dos olhos das autoridades, principalmente em disquetes e zip drives que circulavam entre amigos de faculdade e trabalho. Mas não tem como negar que foi mesmo com o surgimento das conexões Banda Larga e de programas P2P que essa prática ganhou força.

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O Spotify é a principal plataforma de transmissão de músicas da atualidade, e conta com um plano gratuito ideal para quem quer sair da ilegalidade (Imagem: Captura de tela / Spotify)

Atualmente, há um sem-número de serviços e sites dos quais podemos baixar nossas canções preferidas sem pagar nada, mas também há alternativas legais gratuitas e outras que temos de desembolsar uma pequena quantia mensal para acessá-las.

Tome por exemplo o Spotify, a maior plataforma de streaming de músicas da atualidade. Nele, você pode curtir seus artistas e músicas preferidos sem pagar um tostão sequer, embora haja o inconveniente das propagandas publicitárias que pipocam entre uma canção e outra e que podem levar alguns à loucura. Se você faz parte dessa turma, a alternativa é fazer uma assinatura Premium, que custa a partir de R$ 14,90 mensais.

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Mas nem só de Spotify vive o segmento de streaming musical. Também há, por exemplo, o Deezer, que conta com um plano gratuito baseado em publicidade e assinatura por a partir de R$ 9,99 mensais. O Napster, por sua vez, não conta com um plano gratuito, mas oferece 2 meses de "degustação" por apenas R$ 1 e depois cobra R$ 14,90 todo mês. Estratégia semelhante é utilizada pelo Apple Music, que disponibiliza 3 meses gratuitos para seus usuários e depois cobra uma taxa de US$ 4,99 mensais. Finalmente, há o Tidal, que traz uma proposta voltada para os audiófilos de plantão. Com período gratuito de testes de 30 dias, o serviço tem planos de US$ 3,99 e US$ 7,99 mensais, sendo que o último é voltado para os amantes de som de alta fidelidade.

Se toda essa variedade de serviços e planos não lhe agradar, vale lembrar que sempre há a opção de curtir a sonzeira diretamente do YouTube sem pagar nada por isso. O próprio site do Google incentiva esse tipo de uso pelos internautas ao oferecer coleções de estilos musicais chamadas de "Mix", em que cada pessoa encontra seus gêneros e artistas favoritos ali. Os que não gostam de manter uma aba com o YouTube aberto, há algumas ferramentas que transformam a plataforma num serviço de streaming de música sem nenhum custo e tudo dentro da legalidade.

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Filmes e séries

Falar de filmes e séries é lembrar daquelas banquinhas que sempre estão armadas nos centros comerciais das principais cidades do país, com ambulantes vendendo "3 por 10" desde filmes que ainda estão nos cinemas até aquelas produções mais raras que só saem sob encomenda. Por muito tempo, esse modelo ameaçou o funcionamento das vídeo locadoras e minou a lucratividade das produtoras e distribuidoras em todo o país.

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Além de oferecer acesso a um vasto e diversificado catálogo, a Netflix disponibiliza produções próprias para seus clientes - um diferencial atraente em relação à concorrência (Imagem: Reprodução / Netflix)

Contudo, foi com a chegada da Netflix que as coisas mudaram. Desembarcando no Brasil em 2011, a plataforma de transmissão de filmes e séries acabou com o sonho até mesmo de grandes franquias de locadoras (saudades, Blockbuster) cobrando apenas R$ 14,90 à época. Embora esse valor tenha subido nos últimos anos, ainda consideramos justo e atrativos os R$ 19,90 cobrados pelo plano básico na atualidade.

Mas calma lá que não existe só a Netflix de plataforma de streaming de filmes, não. Embora mais cara, a Google Play Store também é uma alternativa para quem tem interesse em títulos avulsos ou não é lá um dos maiores fãs da arte cinematográfica. Lá, é possível tanto alugar títulos quanto comprá-los por valores variados que começam em R$ 1,90. Já se você tem uma assinatura da NET ou da Claro TV, poderá desfrutar do Now. No acervo, há várias produções que acabaram de sair dos cinemas que custam na faixa de R$ 10, enquanto algumas séries podem ser assistidas gratuitamente.

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Caso sua praia seja os grandes clássicos do cinema, uma alternativa bacana é o Oldflix. Em seu catálogo estão grandes sucessos como Ama-me com Ternura, A Marca do Zorro, A Primeira Noite de um Homem e outros clássicos que marcaram época. O acervo também tem produções mais recentes, como As Crônicas de Nárnia, e até desenhos animados que trazem boas lembranças a muita gente, como A Pantera Cor de Rosa e Dragon Ball Z. Para instigar o público, o Oldflix oferece a degustação gratuita de 5 filmes; depois disso, o usuário paga a quantia de R$ 9,90 mensais. Ainda nessa pegada retrô, é possível assistir a filmes que caíram no domínio público gratuitamente em sites como o YouTube e DailyMotion; tudo dentro da legalidade, para você não ter medo de ser feliz.

Aplicativos

Embora haja aplicativos mobile que custam uma fortuna, nós não iremos falar deles aqui - afinal de contas, a maioria é gratuita e os que custam alguma coisa geralmente não chegam nem a uma dezena de real. Vamos falar de Windows, de Office, de Photoshop e outros peixes graúdos que por anos levaram muitos de nós a recorrer aos principais camelôs da cidade antes do advento da Banda Larga e, anos depois, buscar pela ISO perfeita no Pirate Bay, KickAss Torrents e outros portais de torrent internet afora.

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A verdade é que, na atualidade, programas consagrados custam bem menos que anos atrás - embora isso não signifique que eles necessariamente são baratos. Mas tome por exemplo o Windows 10, que passou um ano inteiro sendo oferecido gratuitamente para os usuários que tinham uma cópia legítima do Windows 7 ou 8.1 instalada no PC, e perceba que as coisas já melhoraram bastante. Tudo bem que daqui para frente a Microsoft cobrará R$ 470 por ele (ou não), mas mesmo assim jamais devemos esquecer de alternativas gratuitas, como o Ubuntu e outras distribuições Linux que têm se esforçado para oferecer uma experiência de uso que não causa tanta estranheza a quem foi criado à base de Windows.

O Office 365 é, atualmente, a maneira mais barata de obter acesso legítimo e legal à suíte de aplicativos de escritório da Microsoft (Imagem: Reprodução / Microsoft)

Com o Office a história é um pouco diferente e já faz algum tempo que a Microsoft vem facilitando o acesso legal à suíte de aplicativos. Há alguns anos, o pacote custava algo na casa dos R$ 1.000, o que espantava qualquer cidadão comum e tornava a oferta "genérica" que custava pouco mais de R$ 10 arrebatadora. Foi para reverter esse cenário que a norte-americana bolou o Office 365, uma nova proposta que oferece os famosos Word, PowerPoint, Excel e companhia num sistema de assinaturas que começam em R$ 6,22 mensais no plano quadrienal para estudantes. Para o usuário comum, o valor sobe para R$ 19,90/mês no plano anual - algo bastante atraente frente os absurdos R$ 959 que ainda são cobrados a clientes empresariais.

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Se esses valores não são suficientes para convencê-lo a retornar para a legalidade, saiba que também há alternativas gratuitas da própria Microsoft, que oferece o Office Starter e o Office Online gratuitamente, embora com recursos limitados. Fãs de software livre e/ou que não dispensam recursos mais avançados podem optar pelo LibreOffice ou OpenOffice. Ah, e não esqueçamos do Google Drive, que já há algum tempo vem se estabelecendo como uma alternativa bastante interessante e eficaz.

Partindo para o ramo da edição de imagens e vídeos, por anos a Adobe não deixou alternativa a não ser recorrer à pirataria. Até há algum tempo, o valor de uma licença do Photoshop ultrapassava a casa da dezena de milhares de dólares, algo impraticável sobretudo para estudantes e profissionais independentes. Mas aí surgiu a Creative Cloud, um serviço de assinatura que dá acesso para estudantes e professores a todos os apps da Adobe por a partir de R$ 85 mensais. Usuários profissionais e domésticos têm de pagar R$ 85 mensais cada software separado, havendo a possibilidade de contratar o Photoshop e o Lightroom num pacote que custa R$ 42/mês. Não é exatamente barato, mas é muito mais justo do que se cobrava anteriormente por esses softwares.

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A Adobe Creative Cloud reúne todos os programas da famosa fabricante de softwares por uma assinatura mensal que chega a R$ 89. Photoshop, Illustrator, Premiere Pro, Dreamweaver e outros estão inclusos (Imagem: Reprodução)

Caso não queira gastar nada com programas de edição de imagens, há o Photoshop Express, da própria Adobe; o GIMP, considerado a alternativa padrão para quem quer um freeware para desktop; e o Pixlr, um editor muito semelhante ao Photoshop, mas que funciona totalmente online. No ramo da edição de vídeos, alternativas como o Lightworks e o VideoLAN Movie Creator são as principais gratuitas que surgem à mente.

Livros

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Todos sabem que o acesso do brasileiro a livros é bastante restrito, sobretudo devido aos preços praticados e à escassez de bibliotecas públicas no país. A prática rotineira de cobrar meia centena de reais por obras literárias contribui para a formação de uma sociedade que lê muito pouco. Os que têm o hábito da leitura, por outro lado, acabam tendo de recorrer a fontes ilegais para saciar a vontade de ler, limitando-se a adquirir uma coisa e outra aqui e acolá.

Mesmo com o advento de tecnologias e plataformas que facilitam o acesso a esse tipo de conteúdo, a verdade é que ainda engatinhamos nesse segmento. Mas não é por isso não deixaremos de falar dele.

Mediante o pagamento de R$ 19,90 mensais, os leitores mais ávidos têm acesso a um acervo de mais de 1 milhão eBooks na plataforma da Amazon (Imagem: Reprodução / Amazon)

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No âmbito dos livros, atualmente temos o Kindle Unlimited, da Amazon. Valendo-se do título de maior varejista de livros do mundo, a norte-americana disponibiliza nada mais nada menos que 1 milhão de eBooks para os leitores mais ávidos a um custo de R$ 19,90 mensais. Antes de se comprometer em pagar a mensalidade, o leitor pode testar a plataforma gratuitamente por 30 dias.

Uma alternativa à plataforma estrangeira é a nacional Nuvem de Livros. Nela, o acervo é mais modesto, mas igualmente diversificado, e o serviço tem planos por a partir de R$ 14,99 na assinatura anual. Caso opte por assinar um mês avulso, o usuário tem de desembolsar a quantia de R$ 17,99 - o que ainda é bastante competitivo e interessante.

Revistas

O mercado de revistas é mais bem servido que o de livros no que diz respeito à diversidade de plataformas de distribuição digital, com as principais editoras do país oferecendo seus magazines em formato digital no cada vez mais popular sistema de assinatura mensal. A mais completa e conhecida plataforma do gênero é o iba Clube, da Abril. Por a partir de R$ 19,90 mensais, o usuário pode ler até 4 revistas todos os meses, entre elas VEJA, Superinteressante, Mundo Estranho, Placar, CartaCapital e todo o arsenal da editora paulista. A vantagem é que o usuário não só diz quais revistas quer acompanhar como também pode trocar as publicações na virada do mês e acessar todas as edições das revistas selecionadas.

A Editora Globo é outra que oferece um sistema semelhante ao iba Clube. À disposição do usuário estão publicações como Época, Marie Claire, Quem e PE&GN, mas a plataforma só dá acesso a duas publicações por a partir de R$ 19,90 no modelo impresso + digital. Caso queira acompanhar apenas uma publicação no formato digital, o leitor paga R$ 4,90 todo mês.

Correndo por fora aparece a Editora Europa com o Euro-Clube. Por R$ 14,90 mensais, a editora oferece acesso digital às edições novas e anteriores das 9 revistas que publica. Interessante destacar que todas elas também podem ser encontradas no iba Clube, o que pode acabar sendo mais interessante para quem procura mais flexibilidade.

Quadrinhos

Assim como os livros e as revistas, os quadrinhos também sofrem com a precificação no Brasil, embora seus fãs sempre encontrem formas de mover montanhas para adquirir as mais recentes histórias de seus super-heróis favoritos. Mas, no fundo, o ideal seria que as publicações fossem mais acessíveis, o que seguramente contribuiria ainda mais para a popularização das HQs.

Sorte a nossa que também há serviços de "streaming de quadrinhos" por aí, sendo dois deles brasileiros. O Social Comics e o Cosmic são duas plataformas que trazem as mais diversas obras de editoras como Dark Horse Comics, Valiant e Nemo e de autores independentes. O acervo da Social Comics pode ser conferido na íntegra por 14 dias gratuitos; depois disso, só mediante o pagamento de R$ 19,90/mês. Já o Cosmic oferece acesso gratuito por 15 dias e depois cobra a assinatura mensal no valor de R$ 15,90.

O Marvel Unlimited é o serviço de "streaming de quadrinhos" oficial da Casa das Ideias, contando com mais de 17 mil histórias que podem ser lidas em dispositivos móveis e na web (Imagem: Reprodução / iMore)

É, como você deve ter percebido, Marvel e DC não dão as caras nas plataformas brasileiras. Mesmo assim, é possível conferir mais de 17 mil histórias em quadrinhos da Casa das Ideias no Marvel Unlimited, plataforma própria da editora que cobra US$ 9,99 mensais dos leitores. O grande revés aqui é que tudo está em inglês, o que pode espantar um pouco os que não têm familiaridade com o idioma bretão. A DC, por sua vez, não dispõe de nenhuma plataforma própria de distribuição digital de suas HQs - uma pena.

Games

Para encerrar, chegamos à mais crítica das categorias: a dos videogames. Todo mundo sabe que nunca foi barato ser fã de jogos eletrônicos, pois os títulos sempre custaram uma pequena fortuna, em especial nos consoles caseiros. Mesmo assim, muita gente encontra "aquele jeitinho" de baratear a aquisição de um jogo, seja desbloqueando o console ou comprando títulos compartilhados.

Atualmente, o EA Access é uma das maneiras mais baratas de ter acesso a jogos novos no Xbox One, já que custa apenas R$ 10 menais ou R$ 59 anuais para liberar acesso a títulos como Need for Speed, FIFA, NBA Live e UFC (Imagem: Reprodução)

Mas vamos falar de alternativas legais, acessíveis e que agradam a todos. Atualmente, não há maneira mais fácil e barata de adquirir jogos do que no Steam. Exclusiva para PC gamers, a plataforma de distribuição digital da Valve vem mostrando desde 2003 que é possível, sim, vender jogos baratos e ainda lucrar com isso. E não estamos falando de jogos meia-boca, não, mas sim de títulos que fizeram sucesso poucos anos atrás e lançamentos que comumente aparecem em promoções com valores absurdamente em conta. Seguindo o mesmo modelo de negócios do Steam, temos a europeia GOG.com, a nacional Nuuvem e a Origin, exclusivo para os títulos da Electronic Arts. Em todos os casos, as plataformas dispõem de uma infinidade de títulos vendidos por a partir de menos de R$ 10.

Se você não tem um PC bom de briga para rodar jogos e curte mesmo é ficar em frente ao PlayStation ou Xbox, ambos os consoles contam com programas de assinatura que, entre outras coisas, oferecem jogos gratuitos todos os meses. No caso dos consoles PlayStation, há a PlayStation Plus, que custa R$ 100 anuais e todo mês traz uma série de jogos para o assinante. Já no Xbox 360 e Xbox One, é possível ter uma assinatura Xbox Live Gold, que custa R$ 179 anuais e traz quatro jogos gratuitos todos os meses.

O Xbox One ainda tem um atrativo que pode interessar quem não quer gastar tanto para jogar. Trata-se do EA Access, serviço de assinatura da Electronic Arts que custa R$ 59 anuais (ou R$ 10 mensais) e oferece acesso a títulos como Need for Speed, FIFA, NBA Live, Battlefield 4 e outros títulos consagrados da Electronic Arts. Certamente uma alternativa bastante sedutora frente aos R$ 179 cobrados pela Gold Live.

Pode ser que, ao fazer a somatória de todos os totais anuais gastos ao assinar pelo menos um tipo de serviço listado aqui, muita gente se assuste; mas a verdade é que não necessariamente você tem de assiná-los. Perceba que, no caso das plataformas de streaming musical, não é necessário gastar um tostão sequer para sair da ilegalidade, o que torna os planos pagos totalmente opcional. O mesmo ocorre quando falamos de softwares em geral, já que sempre há alternativas gratuitas que contam com as funcionalidades essenciais para a maioria dos usuários.

O bicho começa a pegar de verdade quando começamos a falar de filmes, séries de TV e videogames, já que para acompanhar suas principais novidades temos de desembolsar um valor mensal ou anual. Mesmo assim, já pensou que você poderia viver muito bem sem sua TV por assinatura, que custa na casa dos R$ 100 mensais, para viver apenas de Netflix e serviços do tipo? Pode soar estranho, mas a verdade é que essa prática vem se popularizando cada vez mais.

Em todo caso, é sempre bom relembrar que todos esses serviços custam muito menos que os modelos tradicionais praticados há anos no mercado. Mais do que isso, cabe ao usuário chegar à conclusão que as plataformas de streaming são uma alternativa acessível e legal que fica entre a pirataria, ilegal e gratuita, e os modelos tradicionais pagos, que geralmente cobram uma pequena fortuna por seu conteúdo.