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Como a tecnologia está revolucionando a indústria cinematográfica

Por| 28 de Janeiro de 2014 às 09h15

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Como a tecnologia está revolucionando a indústria cinematográfica
Como a tecnologia está revolucionando a indústria cinematográfica

Tudo começou com a transformação do T-1000 de metal líquido para a forma humana em Exterminador do Futuro 2: O Julgamento Final e com os dinossauros recriados com perfeição na Ilha Nublar, em Parque dos Dinossauros. De lá para cá, a tecnologia não só tem contribuído com os efeitos especiais dos filmes, como também tem assumido um papel fundamental na forma que os estúdios criam, fazem e produzem seus filmes.

Garret Heath nos conta as várias formas que a Internet e a computação na nuvem tem transformado a indústria cinematográfica nos últimos anos.

Ambiente colaborativo na nuvem

Até mesmo aqueles que nunca pisaram num estúdio de cinema conseguem imaginar o quão difícil é fazer um filme. Construir os sets de gravação e lidar com o temperamento das estrelas são apenas duas das coisas mais difíceis de se fazer durante o processo. Agora adicione a isso a necessidade de gerenciar uma equipe gigantesca com dezenas de centenas de colaboradores, conteúdo para ser aprovado aqui e acolá e a necessidade de compartilhar inúmeros arquivos de áudio e vídeo e é possível imaginar o quão atarefada é a rotina nesses lugares.

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Estima-se que, diariamente, os câmeras e técnicos de áudio produzem cerca de 50 TB de dados em um estúdio. Isso é mais do que suficiente para preencher mais de 6000 DVDs!

"As coisas estão mudando e o processo está mais flexível graças aos benefícios da nuvem. Os estúdios estão percebendo que essa é a melhor oportunidade para expandir o modelo dos seus negócios, colocando o máximo de conteúdo possível na nuvem", disse Guillaune Aubuchon, diretor técnico da DigitalFilm Tree, empresa que oferece serviços de colaboração na nuvem voltados a estúdios de cinema.

Para Aubuchon, a tecnologia é a principal responsável pela atual descentralização dos estúdios de Hollywood. Graças a serviços como os da DigitalFilm Tree, roteiristas, produtores e editores não trabalham mais confinados em um escritório. Ao invés disso, eles colaboram entre si em sistemas e documentos armazenados nas nuvens, agilizando a produção de qualquer filme.

"Sendo honesto, se Hollywood não abraçar essa nova realidade, logo deixará de existir. Sempre haverá uma série de novos provedores de conteúdo que desafiarão o status quo. Se os estúdios quiserem continuar à frente disso, eles precisarão adotar soluções de fluxo e gerenciamento de trabalho na nuvem", explicou Aubuchon.

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Criação de mercados de nicho

A popularização da internet e banda larga possibilitou que tecnologias de streaming de vídeo fossem criadas e, posteriormente, dessem origem a serviços de vídeo sob demanda, como o Netflix. Graças a esses tipos de serviço os cineastas deixaram de se perguntar se haveria público suficiente num local específico que justificasse a estreia de um filme em particular e passaram a levar em consideração apenas se há interesse suficiente por parte dos espectadores para justificar a produção do filme.

Num recente discurso proferido aos alunos da Escola de Artes Cinematográficas da Universidade da Califórnia do Sul, George Lucas disse que a facilidade em acessar qualquer tipo de filme nos dias de hoje é absurda e que, independente da qualidade da produção, se houver público para apreciá-la, elas existirão e continuarão a aparecer.

Esse já é o caso da Netflix. De acordo com uma publicação recente da revista The Atlantic, o serviço de distribuição digital de filmes já conta com quase 77 mil micro-gêneros em que os distribuidores podem categorizar seus filmes.

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"A Netflix analisou e catalogou meticulosamente cada filme e série televisiva que se possa imaginar. Eles possuem uma quantidade imensa de informações sobre as produções de Hollywood, é algo sem precedentes", escreveu Alexis Madrigal, editor sênior da publicação.

Os produtores então analisam as características dos seus filmes, as preferências dos espectadores-alvo e determinam quais categorias eles melhor se encaixam.

"A Netflix criou um banco de dados com as preferências cinematográficas dos norte-americanos. Os dados não conseguem dizer a eles sobre como fazer uma série de TV, mas podem dizer-lhes o que eles deveriam estar fazendo. Quando eles criaram as séries House of Cards (vencedora do Globo de Ouro), eles não estavam adivinhando o que as pessoas queriam, não", disse Madrigal.

Apoio ao cineasta independente

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Ao invés de procurarem bancos para financiar seus projetos, com a internet, cineastas independentes encontraram uma nova fonte de financiamento: o público.

Sites especializados em arrecadar fundos para projetos independentes, como o Kickstarter e o Indiegogo, conseguem promover o encontro de fãs de cinema com cineastas, e enquanto estes estão cheios de ideias e ávidos por fundos para respaldar sua produção, aqueles estão dispostos a investir seu dinheiro em projetos com os quais se identificam. Alguns resultados não são nada menos do que espetaculares.

"Cineastas vêm ao Kickstarter em diferentes fases do seu projeto, desde a concepção até a distribuição", disse Elisabeth Holm, diretora do programa de filmes no Kickstarter, em um artigo recente publicado no The Hollywood Reporter. "Se você observar os 73 projetos que já foram financiados pelo Kickstarter nos últimos 3 anos, perceberá que há uma enorme diversidade do estado em que eles chegaram aqui e o quanto conseguiram obter".

Atualmente, 20 projetos no Kickstarter e outros 6 no Indiegogo estão sendo filmados para exibição no Sundance Film Festival. Além disso, o The Square, um documentário que foi financiado pelo Kickstarter para aparecer no festival do ano passado, não só foi indicado ao Oscar 2014, como também adquirido pela Netflix para distribuição.

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"Conexão" é a palavra da vez

Nesta última década o público tem testemunhado uma verdadeira transformação em Hollywood. Aparentemente um dos temas que mais está em voga na indústria atualmente é conexão: conectar editores a arquivos gigantescos disponíveis em serviços de alto desempenho na nuvem, conectar cineastas ao seu público de nicho, público-alvo, e resolver gargalos de distribuição, conectando fãs e financiadores a projetos de filmes promissores.

Ao que tudo indica, o paradigma centenário de produção de filmes de Hollywood parece estar encolhendo à medida que a tecnologia assume as rédeas e promove o renascimento da indústria cinematográfica.