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Aplicativos "task killers" podem prejudicar desempenho de aparelhos Android

Por| 30 de Janeiro de 2015 às 10h54

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Aplicativos "task killers" podem prejudicar desempenho de aparelhos Android
Aplicativos "task killers" podem prejudicar desempenho de aparelhos Android

Desde que o Android começou a se popularizar, há quatro ou cinco anos, usuários e desenvolvedores passaram a cultuar certos tipos de aplicativos, como os chamados "task killers", que podem encerrar imediatamente tarefas supostamente muito "pesadas" para o dispositivo. Embora populares, a verdade é que esses programas podem ser muito prejudiciais ao dispositivo.

Como explica o pessoal do Phone Arena, o uso inadequado dos "task killers" pode ser associado a um mal-entendido sobre como e por que os sistemas operacionais móveis utilizam memória RAM, já que, normalmente, a maioria das pessoas faz uma associação análoga à memória RAM de computadores. Aí é que acontece o ruído, já que há diferenças entre as duas nomenclaturas em plataformas distintas.

Primeiramente, é necessário saber como funciona a RAM de um PC. A memória de acesso randômico (ou Random Access Memory — RAM) pode ser definida como uma unidade de armazenamento temporário em constante movimento, introduzida em computadores para ajudá-lo a acessar rapidamente os programas mais utilizados ao invés de ter de carregá-los completamente a cada ação do usuário.

Por exemplo, ao abrir um navegador, a primeira aba normalmente levará mais tempo para estar disponível. Contudo, uma vez iniciado, ele carregará os recursos necessários para a criação da nova guia por meio da RAM e, por isso, a segunda aba será executada quase que instantaneamente. Além disso, como essa tarefa estará alocada na RAM, o processador e o disco rígido podem se dedicar a outros programas enquanto o browser segue totalmente funcional. Está aí a razão pela qual selecionar uma máquina com maior quantidade de memória RAM permite executar múltiplas ações simultaneamente ou softwares mais pesados.

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Uma outra característica dos computadores é que eles conseguem manter todos os programas sendo executados simultaneamente, a todo custo, mesmo que fique sem memória. Para isso, ao abrir um software que exige mais RAM do que há disponível, o Windows começa a criar um arquivo de "swap", que é o descarregamento de conteúdo de baixa prioridade da RAM para o espaço livre do disco rígido. Após o uso e com mais memória livre, o processo pode ser revertido automaticamente pela própria máquina.

Por esta razão, os usuários que conhecem o funcionamento da RAM no PC costumam deixá-la fora de seu uso excessivo, fechando os aplicativos desnecessários, para que a máquina não fique lenta ou pare para processar todas as tarefas abertas.

Já o Android lida com a RAM de uma forma diferente. A plataforma é projetada para rodar aplicativos de fácil e rápido acesso, a maioria dos quais já foi desenvolvida justamente para permanecer em estado semiativo, para receber notificações e apresentá-las ao usuário em tempo hábil.

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Então, ao cadastrar serviços primordiais, como a conta de e-mail e redes sociais, comunicadores instantâneos, entre outros, será difícil encerrar definitivamente essas tarefas, uma vez que o próprio Android irá deixá-los em estado semiativo. Essa tarefas até podem ser encerradas manualmente, com softwares, mas isso não deveria ser feito, uma vez que os próprios apps foram desenvolvidos para se comportar assim nesse ambiente. Portanto, essas execuções não podem e não devem ser "mortas" pelos "task killers", caso contrário, a melhor solução seria mesmo desinstalá-las.

Quanto à gestão de recursos, o Android também se comporta de maneira diferente ao Windows. Ele pode estar com 90% de sua memória RAM ocupada e ainda assim funcionar bem. Caso ele necessite de mais espaço, como no caso do usuários abrir um jogo pesado, o sistema operacional encerrará os processos menores, mesmo os prioritários. Isso garante que, ao abrir o app fechado, ele estará no estado em que ele foi encerrado.

Diferente dos PCs, os dispositivos Android não fazem "swap" porque eles simplesmente não tentam manter tudo funcionando como os computadores. A razão é justamente porque a memória disponível para trabalhar é menor e usuários no ambiente móvel precisam manter seus aparelhos rodando numa velocidade conveniente.

Quando o usuário utiliza um "task killer", ou, pior, um similar automático, o que está acontecendo é a interrupção de processos que vão iniciar imediatamente após seu encerramento. Um "task killer" automático irá repetir esse ciclo constantemente em segundo plano e, enquanto muitos acham que estão liberando RAM para o dispositivo, estão, na verdade, sufocando o aparelho por ter que fechar e reabrir continuamente os mesmos apps.

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Vale mencionar que aparelhos mais simplórios tendem a fechar automaticamente jogos ou apps grandes, que causem déficit de RAM. Ao usar um "task killer" nesses tipos de smartphone, pode ser até que haja RAM suficiente para rodar apps mais pesados, mas isso é um tanto quanto ilusório, porque uma hora o Android precisará novamente dessa memória e encerrará a tarefa. Da mesma maneira que computadores limitados não podem rodar Assassin's Creed, por exemplo, dispositivos de poucos recursos não devem ser utilizados para fins inadequados, mesmo com a ajudinha dos "task killers".

Em última análise, se o usuário deseja manter o dispositivo sempre otimizado, basta ter em mente quantos aplicativos continuam instalados. São todos realmente necessários? O telefone tem recursos para lidar com eles? Um dispositivo com apenas 1 GB de RAM deveria ter, por exemplo, apenas o básico do básico funcionando.

Limpar o cache, com aplicativos de limpeza de lixo, pode ajudar de vez em quando, mas apenas a cada dois meses, em média, para ter certeza que resíduos antigos de apps não otimizados ainda possam estar presos ao dispositivo. Caso contrário, usar "task killers" para fazer isso pode causar o ciclo de encerramento e execução, que, no final das contas, prejudica a performance geral do aparelho.