IBM pode estar prestes a fazer a maior demissão em massa da história
Por Felipe Demartini | 26 de Janeiro de 2015 às 11h17
O jornalista Robert Cringely geralmente acerta quando palpita sobre o mercado de tecnologia e, se suas informações estiverem certas, estamos prestes a presenciar a maior demissão em massa da história. Em matéria publicada na Forbes, Cringely diz que a IBM está prestes a demitir 26% de seus funcionários, com 430 mil pessoas prestes a perderem seus empregos em praticamente todos os países em que a companhia opera.
O corte de mais de um quarto de todo o pessoal da companhia acontece devido a uma dificuldade de adaptação aos novos tempos. Com faturamento em queda e gastos em alta, a IBM vem lutando para se adequar a um mundo cada vez mais focado na computação nas nuvens e com mudanças nas arquiteturas que, por anos e anos, foram o coração de sua atuação. Para o especialista, a empresa americana perdeu o bonde e os esforços para correr atrás do prejuízo não estariam tendo os frutos desejados.
Os setores de mainframes e servidores de hospedagem devem ser oa mais afetados, já que são eles os que vêm apresentando os piores resultados nos últimos tempos. O declínio do negócio está diretamente associado às mudanças no mercado, com as empresas de todos os portes preferindo cada vez mais acabar com suas infras internas para abraçar a computação na nuvem, contratando equipamentos que são acessados pela internet.
Sendo assim, empresas que sobrevivem basicamente de contratos de serviço começaram a ver sua importância cada vez menor. Esse é exatamente o caso da IBM, que ainda não fez o salto para o cloud computing – apesar de estar adquirindo diversas empresas que podem facilitar essa transição – e parece incapaz de trabalhar ao lado dos atuais clientes em uma migração de seus contratos. O resultado, então, é a perda deles.
Mas essa não seria a única razão para o gigantesco corte, que teria raízes fincadas mais profundamente. Cringely aponta o dedo diretamente para os ex-CEOs, como Louis Gerstner e Sam Palmisano, que tomaram decisões consideradas erradas na época de suas gestões, com reflexos na situação atual. A diretora corrente da empresa, Virginia Rometty, também estaria completamente perdida na visão do especialista e seria incapaz de retomar as rédeas após a “bagunça” feita por seus antecessores.
Entre os problemas das administrações passadas estariam a decisão de comercializar a plataforma Watson para terceiros, abrindo um dos grandes trunfos da companhia, e o foco no tradicionalismo. A dificuldade em se adaptar teria feito com que a IBM continuasse a depender de um setor de hardware que, hoje, representa cerca de 10% do faturamento total, enquanto os segmentos de serviços ainda engatinham como uma forma eficaz de fazer a companhia render dinheiro.
O resultado de tudo isso é 11 trimestres seguidos de uma perda de dinheiro que não parece ter previsão para acabar. Mais do que isso, segundo as informações do site IT World, a situação atual e a iminência dos cortes também está afetando a moral dos funcionários da IBM, que já estariam insatisfeitos com os rumos gerenciais e, agora, trabalham com a sensação de que podem perder seus empregos a qualquer momento.
Os setores relacionados à infraestrutura física e serviços seriam os mais afetados, mas as demissões atingiriam até mesmo segmentos operacionais. No campo executivo, o repórter afirma que a CEO não deve deixar o seu posto, mas sim tentar dirigir a empresa nestes tempos de crise. Mais um motivo que deixa os empregados inconformados, já que, para muitos, ela é parte do problema.
Se as informações de Cringely estiverem corretas, os cortes devem começar a acontecer no mês de fevereiro e durar cerca de 30 dias até que todos os demitidos estejam fora da empresa. É claro, logo depois, virá mais um período de perdas devido a acertos e indenizações pelas demissões, outro baque do qual a IBM deve demorar para se recuperar. Com isso, a expectativa é de mais um golpe nas ações e na confiança do mercado numa empresa que, antes, era considerada uma das mais sólidas do mundo.
A IBM, claro, não se pronunciou oficialmente sobre o assunto.