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Como jogar vídeo game na infância pode ajudar no futuro profissional?

Por| 18 de Janeiro de 2017 às 16h32

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Como jogar vídeo game na infância pode ajudar no futuro profissional?
Como jogar vídeo game na infância pode ajudar no futuro profissional?

por Geronimo Theml*

Vilão em muitos famílias especialmente no período de férias em que as crianças ficam com muito tempo livre, o vídeo game pode ser, sim, uma forma de ajudar crianças a desenvolverem habilidades que serão úteis no futuro profissional. E este é um bom momento para começar a trabalhar essas competências por meio do brincar, de forma lúdica.

Basicamente, há dois tipos de habilidades exigidas no mercado de trabalho. O primeiro grupo são de competências técnicas. Um jornalista precisa saber escrever e apurar uma notícia. Um piloto de avião precisa saber colocar o equipamento em vôo. Um advogado precisa ter OAB e saber fazer uma petição. Um profissional precisar ter habilidades técnicas para exercer a sua profissão.

E existe um outro grupo de competências, as habilidades comportamentais. Elas dizem respeito a como aquele colaborador vai se comportar profissionalmente na empresa. E é fato que o mercado de trabalho cada vez mais contrata por habilidades comportamentais e menos por habilidades técnicas.

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Claro que se uma empresa vai contratar, por exemplo, uma pessoa de estatística, esse profissional tem de ter o mínimo da habilidade técnica, precisa saber alguma coisa de estatística, mas, de forma geral, o profissional que acaba contratado não é necessariamente aquele que sabe mais, mas aquele que tem as melhores habilidades comportamentais. É quem é pontual, focado, que tem resiliência e sabe analisar problemas... E isso pode ser treinando desde criança por meio do vídeo game.

Normalmente, a criança adora que os pais participem das brincadeiras, mas nem sempre eles podem brincar por conta da rotina do trabalho. A sugestão é marcar hora para jogar vídeo game. Os pais podem dizer: “filho, amanhã, às sete horas da noite, eu vou jogar contigo. Mas eu vou estar aqui às sete. Se você não estiver aqui às sete, eu não vou jogar com você, heim?” A criança vai começar a aprender a monitorar a hora e a ter responsabilidade. Se ela estiver lá na hora marcada, dê os parabéns, aperte a mão, dê um abraço e, assim, você vai reforçando o mérito de ela ter chegado na hora. Esta é uma forma de seu filho começar a desenvolver a habilidade da pontualidade.

Mas há um porém. Um dos maiores erros dos pais com os filhos é não cumprir combinados. Marcar de brincar e não comparecer. Ou marcar uma hora e não chegar pontualmente. Ou ver o filho se atrasar e jogar vídeo game assim mesmo. Em qualquer hipótese se está treinando uma característica comportamental na criança. Para o bem ou para o mal. Se o pai não é pontual, acaba ensinando ao filho que ele pode se atrasar e que está tudo bem.

As habilidades de tomar decisões e de ter foco naquilo que se decidiu também podem ser desenvolvidas jogando vídeo game. É comum que as crianças queiram trocar de brincadeira muitas vezes. Bota um jogo e logo quer brincar de outra coisa. E isso é um pezinho na procrastinação e na ansiedade, que é quando o adulto fica pulando de tarefa em tarefa. Para ajudar a desenvolver essas competências é preciso estabelecer um prazo. Você pode dizer: “Olha, filho, eu vou jogar contigo, mas nessa uma hora a gente vai jogar pelo menos 30 minutos do jogo que você escolher. Então, escolhe bem o que você quer”. A partir dai, jogue com foco total, desconecte-se do computador, do celular, do mundo. O seu mundo naquele momento é o seu filho.

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Outra coisa simples é fazer duas perguntas ao final do jogo. Elas fazem toda a diferença no desenvolvimento de habilidades comportamentais das crianças. A primeira delas é: “O que você aprendeu dessa vez com esse jogo?” O meu filho, por exemplo, adora jogos de futebol. Uma vez, ele me respondeu: “Ah, papai, não dá para jogar com a Itália”. Está tudo bem, este é o nível de desenvolvimento dele, e você está ajudando-o a desenvolver a habilidade de fazer uma análise daquilo que saiu errado.
A segunda pergunta é: “Por que valeu a pena? O que foi legal na nossa brincadeira?” É uma forma de ele começar a ver o lado positivo das coisas.

Todas essas são habilidades comportamentais que podem ser muito úteis no futuro do filho. Mas elas não serão adquiridas logo no primeiro dia. As competências comportamentais, como o próprio nome diz, são comportamentos e, como tais, são adquiridos em geral pela repetição. Então, aproveite o final das férias escolares para, com o vídeo game, repetir a rotina de marcar a hora, escolher o jogo, manter o foco, analisar o que poderia melhorar, o que foi de bom e, assim, ir desenvolvendo habilidades que são necessárias no mercado de trabalho de hoje.

* Geronimo Theml é coach de coaches, especialista em produtividade e empreendedor. É o idealizador da Academia da Produtividade, onde ensina técnicas testadas para produzir mais resultado, com menos esforço e com mais felicidade. Criou também o Programa Profissão Coach, onde capacita coaches a terem sucesso profissional. É palestrante internacional, especializado em mudança de comportamento, empreendedorismo e aumento de produtividade.