Travis Kalanick renuncia ao cargo de CEO da Uber
Por Felipe Demartini | 21 de Junho de 2017 às 09h28
Travis Kalanick está deixando o cargo de CEO da Uber. Ele já estava afastado desde a última semana, e nesta terça-feira (20) foi revelada a notícia de sua saída definitiva do posto, após sofrer pressão de alguns dos maiores acionistas da companhia. Ele permanece no quadro de diretores da empresa.
Apesar de ter confirmado a saída de Kalanick, a Uber não deu mais detalhes sobre o caso, que veio à público por meio de fontes ligadas à empresa. De acordo com relatos não confirmados, cinco dos maiores investidores do aplicativo teriam solicitado, em carta entregue diretamente ao CEO, que ele renunciasse, uma vez que a companhia precisa, urgentemente, de uma mudança na liderança para que possa continuar crescendo.
Entre os acionistas que assinaram o documento estaria a Benchmark, uma empresa de venture capital que detém, atualmente, a maior parcela da Uber, e também tem membros de alto escalão em sua diretoria. Investidores antigos, como a Lowercase Capital e First Round Capital, além da Menlo Ventures e da Fidelity Investments, completariam o time que solicitou a renúncia de Kalanick. Juntos, eles compõem mais do que um quarto do capital total da companhia, com 40% de poder de voto.
O presidente da Uber está diretamente envolvido em muitos dos escândalos recentes que a empresa está enfrentando, e, para os investidores, apenas um afastamento não seria suficiente. Eles demandam uma mudança na gestão, e junto com os mais de 20 executivos demitidos, era hora de Kalanick abandonar o barco, permitindo que o serviço seguisse por um novo caminho.
Em declaração, o ex-CEO disse amar a Uber mais do que qualquer coisa neste mundo, e que, justamente por isso, decidiu aceitar o pedido dos investidores. A mudança, entretanto, não teria sido tranquila e relatos não-confirmados indicam que Kalanick relutou com o pedido, aceitando-o, ainda contrariado, apenas depois de horas de reuniões e conversas.
A Uber encontra-se atualmente no meio de um furacão de denúncias, processos judiciais e polêmicas. Na mais grave de todas, um de seus executivos de alto escalão foi acusado de obter ilegalmente documentos médicos relacionados a uma vítima de estupro na Índia. O caso aconteceu em um dos carros da empresa, mas seus representantes acreditavam que seria uma farsa montada pelos concorrentes no país.
Além disso, a companhia se vê em meio a um processo por quebra de propriedade intelectual movido pela Alphabet, que acusa um de seus ex-executivos de ter roubado documentos e tecnologias relacionadas às pesquisas de carros autônomos enquanto trabalhava para a empresa. Não ajuda, ainda, o recente vídeo de Kalanick discutindo com um motorista da Uber durante uma corrida e os protestos constantes de colaboradores que demandam melhores pagamentos e condições de serviço.
Mesmo não sendo mais o CEO, Kalanick ainda mantém certo poder de voto, por possuir ações da companhia. A Uber não falou oficialmente sobre o assunto nem disse quem deve ser apontado como o novo diretor da companhia.
Fonte: The New York Times