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Filho de Pablo Escobar critica “Narcos” e lista 28 erros da 2ª temporada

Por| 12 de Setembro de 2016 às 21h29

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Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

A segunda temporada da série “Narcos”, da Netflix, estreou no dia 2 de setembro e, agora, dez dias depois, o filho de um dos maiores traficantes de drogas da história criticou a produção e suas diversas incoerências em relação à realidade, falando até mesmo que a série “insultou a história de toda uma nação”.

Sebastian Marroquín, cujo nome de registro era Juan Pablo Escobar (Reprodução: Divulgação)

Sebastian Marroquín é um escritor e arquiteto colombiano. Nascido Juan Pablo Escobar, Sebastian mudou de nome após a morte de seu pai Pablo Escobar – o narcotraficante que se tornou o senhor da droga na Colômbia, chegando a ser um dos homens mais ricos do mundo enquanto mantinha uma rota de tráfico entre seu país natal e os Estados Unidos. Brutal, impiedoso e ambicioso, o “Patrão” acabou se tornando uma figura de interesse público, e sua família sentiu na pele as consequências de fazerem parte da família “Escobar”.

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Sebastian passou boa parte de sua vida fugindo, mesmo após a morte de seu pai. Precisou se esconder com sua família na Argentina (onde vive até hoje), mudou de nome, mas ser filho de Pablo Escobar nunca deixou de ser parte de sua identidade – e, por isso mesmo, o arquiteto se dedica a produzir livros e até mesmo filmou um documentário (chamado “Os Pecados de Meu Pai”) sobre a história de sua família. Então, ao assistir a segunda temporada da produção da Netflix, acabou se revoltando com fatos exibidos na série que não condizem com a realidade, listando 28 itens. Aqui vão os mais interessantes:

ATENÇÃO: A PARTIR DESTE PONTO O TEXTO CONTÉM SPOILERS!

Leal, pero no mucho

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Na série, a mãe de Pablo Escobar é retratada como uma apoiadora incondicional de seu filho, e justamente por isso tem uma moral duvidosa, já que ignora os crimes cometidos por Pablo e chegou até mesmo a contar que, durante a infância de seu filho, precisou roubar para dar o que vestir a ele.

Contudo, a Hermilda verdadeira não era assim tão “coruja” quanto a produção mostrou. Segundo seu neto, a matriarca se juntou a seu filho mais velho (chamado Roberto) para que, juntos, se tornassem informantes do Cartel de Cali e do grupo justiceiro Los Pepes. E esse teria sido o motivo pelo qual a mãe de Escobar teve sua vida poupada, enquanto diversos outros parentes do traficante foram sequestrados e mortos.

“Teria gostado muito de ter essa versão tão terna de minha avó que pintam na série”, disse Sebastian, que contou que sua avó nunca precisou se refugiar e que não esteve presente quando a família tentou se refugiar na Alemanha.

Cartão vermelho

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“Se não sabem dizer o time favorito de Pablo, como se atrevem a contar o resto da história?” questionou Sebastian ao ver que a Netflix transformou seu pai em um torcedor do Atlético Nacional, quando, na verdade, Pablo torcia mesmo era para o Deportivo Independiente Medellín.

Carlos era “do bem”

Na produção, o tio de Sebastian, Carlos, aparece como parte da operação de Escobar depois de morar um tempo em Miami. No entanto, seu sobrinho disse que Carlos nunca trabalhou para o narcotráfico, tampouco viveu nos EUA. A verdade seria que o irmão de Tata era um “faz tudo”, já tendo construído casas e até mesmo vendendo Bíblias.

Na série, sua morte também foi retratada sem fidelidade com a realidade. Enquanto Narcos mostrou que Carlos morreu em um confronto com a polícia, a verdade é que ele foi sequestrado pelos Los Pepes, torturado, morto e teve seu corpo exposto publicamente.

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Não existiu aquele telefone a rádio

Sebastian disse ainda que, para se comunicar com seu pai, eram usados os telefones do hotel, mesmo com todos os riscos das ligações serem rastreadas. “Ele me disse a vida toda que o telefone era a morte”, disse o arquiteto, que “desligava toda vez que ele [Escobar] ligava para protegê-lo”.

Mesmo sem a existência daquele telefone a rádio, o filho contou que, na última ligação feita de Pablo para a família, seu pai pediu para falar com a mulher e a filha, se identificando para a operadora do telefone com seu nome e sobrenome verdadeiros e conversando com eles por um longo período – mostrando uma intenção clara de ser, finalmente, pego.

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Fuga da prisão sem tanto glamour

Enquanto a “season finale” da primeira temporada de Narcos mostrou uma cena épica sobre a fuga de Pablo da “Catedral” – a prisão que ele mesmo construiu –, a verdade é que a produção precisou “enfeitar” a história um tanto para que a cena fosse digna de um final de temporada.

Segundo Sebastian, na história verdadeira apenas um guarda morreu, não havendo mais confronto do que esse tiro certeiro. Afinal, o plano de fuga já havia sido traçado desde a construção da prisão. “Meu pai mandou que deixassem alguns tijolos frouxos”, revelou.

Refúgios sem luxo

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Enquanto a segunda temporada de Narcos mostra que a família de Escobar se abrigava em chácaras e mansões luxuosas a cada nova fuga, a verdade é que esse luxo foi muito passageiro: depois que seu pai fugiu da Catedral, sua família precisou se abrigar em locais que não chamassem atenção. “Vivíamos em cortiços, não em mansões”, disse Sebastian.

La Quica não estava exatamente ali

Na segunda temporada, Limón é o sicário de maior destaque, mas seu amigo La Quica apareceu como um dos últimos homens a abandonar o “Patrão”. No entanto, a história verdadeira mostra que Quica não somente sequer estava na Colômbia na época em que a segunda temporada de Narcos acontece, como também não foi responsável pela bomba no avião da Avianca. Segundo o filho de Escobar, o responsável por esse atentado teria sido Carlos Castaño.

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Ainda assim, La Quica foi um dos sicários mais sanguinários da história e começou a trabalhar para Pablo muito cedo (aos 12 anos).

Dois em um

Na série, Ricardo Prisco aparece como sendo um médico que usava suas habilidades para torturar e matar os inimigos de Escobar. No entanto, a produção misturou os irmãos Prisco: enquanto Ricardo era um narcotraficante que morreu muito antes do período em que se passa a segunda temporada, seu irmão médico não tinha nenhum envolvimento com atividades ilegais e era considerado uma pessoa “do bem” em Medellín.

Casamento sem surpresas

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Sebastian disse ainda que seu pai, apesar de ter muitos defeitos, se mantinha fiel a alguns princípios. E um deles era justamente não envolver familiares nos negócios. Portanto, a cena em que Pablo ordena um ataque ao casamento de Gilberto Rodriguez (chefão do Cartel de Calí), seria 100% fictícia.

Proteção às avessas

Enquanto a série mostrou que a esposa, a filha e o filho de Pablo Escobar viveram em um quarto “bacanudo” de hotel enquanto estavam sendo protegidos pelo governo, a história real não é assim tão simples. De acordo com Sebastian, a verdade é que eles foram mantidos como reféns da Procuradoria Geral em um quartinho de hotel sem luxos, e o escritório do Procurador De Greiff estava infiltrado pelo Cartel de Calí – portanto, a “proteção” dos filhos de Escobar não foi exatamente feita por agentes do governo, mas sim por pessoas financiadas pelo narcotráfico.

Pablo morre

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Mesmo para quem ainda não terminou de assistir à segunda temporada de Narcos, o fato de Pablo Escobar morrer no final da história não é nenhum spoiler. No entanto, a história por trás da morte de um dos maiores narcotraficantes do mundo não é assim tão clara quanto mostrada na produção da Netflix. Em Narcos, aquele último telefonema de Escobar para a família aconteceu no mesmo dia em que o bandido foi encontrado em Medellín, tentando fugir pelo telhado, sem sucesso. Isso realmente aconteceu, mas, para Sebastian, seu pai não estava exatamente tentando fugir, e tampouco foi assassinado pelos policiais.

A imagem compara a cena da morte de Escobar em "Narcos" com uma fotografia real do narcotraficante morto ao lado dos policiais que o capturaram (Reprodução: Divulgação)

“Meu pai se suicidou, como me disse que faria dezenas de vezes. Não me surpreende que o tiro que o matou tenha sido a dois milímetros de distância, onde sempre me jurou que atiraria”. O filho de Escobar disse ainda que a operação que terminou com a morte de seu pai não foi liderada pela polícia, mas sim por Carlos Castaño, que teria contado tudo isso pessoalmente à Tata – que, na vida real, se chama Maria Victoria Henao.

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Fontes: Telegraph, Facebook/Sebastian Marroquín