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Você está preocupado com a extinção humana? Entenda por que deveria

Por| 10 de Novembro de 2019 às 14h30

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Você está preocupado com a extinção humana? Entenda por que deveria
Você está preocupado com a extinção humana? Entenda por que deveria

Depois de assistir ao “novo” filme do Coringa, interpretado nos cinemas por Joaquin Phoenix, é difícil ter esperança no futuro, principalmente no da humanidade. É quase impossível ver o mundo cruel, como ele é, e as pessoas como podem ser, e mesmo assim continuar a ter esperança. É mais ou menos a essa conclusão que chegou um grupo de pesquisadores da Universidade de Oxford.

O estudo britânico analisou como a humanidade reagiria diante do risco da extinção e, surpreendente (ou não), a maioria dos 25 mil entrevistados não tinha tanto medo do fim da nossa espécie.

Os resultados demonstraram que esse medo só se torna realidade quando as pessoas são capazes de imaginar um futuro melhor do que o presente, coisa quase impossível diante das “verdades” do século 21, como a Terra plana, o aumento das epidemias pelo medo das vacinas, o colapso ecológico em escala global, a dominação dos robôs com IA, as armas biológicas, a vigilância 24 horas e os populismos na política.

Segundo um recente artigo publicado na Nature, esse século “provavelmente verá riscos crescentes de extinção humana, mas atualmente, recursos relativamente pequenos são investidos na redução desses riscos existenciais”, por isso essa questão aparece como tão importante. E somente uma sociedade disposta a enfrentar seus problemas poderá se salvar do fim dos tempos.

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Entenda a pesquisa sobre o fim da espécie

Feita para milhares de pessoas nos EUA e no Reino Unido, a primeira pergunta era para comparar e classificar três hipotéticos futuros para a humanidade: (1) Não acontecerá nenhuma catástrofe; (2) Acontecerá uma catástrofe que matará imediatamente 80% da população mundial; (3) Acontecerá uma catástrofe que matará imediatamente 100% da população mundial. Quase todos os entrevistados confirmaram que a hipótese 2 era pior que a 1 e a 3 era pior que a 2.

Em seguida, foi perguntado: “Qual diferença é mais preocupante: a diferença entre as situações 1 e 2 ou a diferença entre as 2 e 3?” Nesse momento, os pesquisadores queriam saber se era pior “80% do mundo morrer ou ninguém morrer” ou se era pior “a espécie humana inteira desaparecer ou somente 80% dela.”

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De acordo com os resultados, a maioria das pessoas pensou que perderiam mais entre os cenários 1 e 2 do que entre os 2 e 3, ou seja, a maior tragédia está em acontecer algo. Agora, se esse algo for fatal para todos, como o fim da espécie humana, pouco importa.

Nos cenários distópicos e de riscos iminentes, "as pessoas terão muita influência sobre o que vamos fazer", afirma Stefan Schubert, um dos autores do estudo. "Portanto, é importante descobrir o que as pessoas pensam sobre esses momentos."

Mesmo que parte das pessoas considerem a extinção provável nos próximos 15 anos, poucos indivíduos buscam soluções para o risco da extinção ou as coloca entre sua principais prioridades políticas ao escolher um representante ou ao consumir um novo produto.

A percepção geral é de que a extinção é meio ruim e, em algumas circunstâncias, as pessoas até dizem que é provável, mas não levam a sério as consequências dessa hipótese e seus pensamentos sobre isso são inconsistentes.

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Mas e se o futuro fosse bom?

A pesquisa muda totalmente de rumo quando os participantes são instruídos a pensar em um bom futuro, próspero e pacífico. A partir de então, a maioria dos entrevistados classifica a extinção como muito pior do que a considerava anteriormente, o que sugere que a apatia diante do fim da espécie humana esteja muito mais relacionada à desesperança do que a qualquer outro fator.

Mas quantas visões dessa possível realidade a sociedade aborda? Não há discussões sobre o quão maravilhoso pode ser 2100, como pensaram em como seria os anos 2000. Para os pesquisadores, a incapacidade de imaginar o futuro pode interferir e até impedir que a sociedade humana chegue tão longe.

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Nesse sentido, é importante entender que, para convencer as pessoas a lutar pela espécie, é necessário, em primeiro lugar, convencer os indivíduos de que essa luta pode ser vencida. Também vale lembrar que a extinção não se resume às mortes individuais, mas sim a toda a cultura humana, as artes, a história, a ciência e, principalmente, as gerações futuras.

Outra pergunta da pesquisa era também sobre a extinção, mas dessa vez dos animais. Para os entrevistados, a morte de todas as zebras, desde o princípio, era muito mais significativa do que a morte de 80% das zebras. Provavelmente, porque as pessoas estão acostumadas a pensar na extinção de espécies animais de uma maneira diferente, como algo ruim, e rapidamente rejeitaram o fim de um modo de vida e de um ser no mundo.

Contra o pessimismo

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As pessoas mais engajadas já discutem há muito tempo esses argumentos. É o caso dos ativistas ambientais que lutam contra as mudanças climáticas e que sempre argumentam sobre as vantagens e desvantagens da retórica negativa, inclusive na pegada mais apocalíptica, em comparação com as vantagens e desvantagens de adotar um tom mais otimista, capaz de engajar um maior número de pessoas.

Para a articulista Kelsey Piperes, essas pesquisas a levam a acreditar que os otimistas têm um bom argumento. “Não é que exageremos as chances de resolver nossos problemas ou fingimos que eles não estão lá, mas qualquer discussão precisa ser acompanhada de uma visão positiva, de como o mundo pode ser se os resolvermos”, defende Piperes.

Do contrário, a humanidade corre o sério risco de ver os grandes temas do século 21 virarem posts de desabafos no Facebook ou correntes que se perdem no WhatsApp.

Fonte: Vox