Pico de transmissão da Ômicron pode ser o 5º dia de sintomas
Por Fidel Forato | Editado por Luciana Zaramela | 17 de Janeiro de 2022 às 12h20
Dados preliminares apontam que o pico de transmissão da variante Ômicron (B.1.1.529) do coronavírus SARS-CoV-2 ocorre no quinto dia após o início dos sintomas. A descoberta se opõe aos novos protocolos, adotados por inúmeros países, para reduzir o tempo de isolamento de pacientes com a covid-19 para um período de cinco a 10 dias, dependendo do quadro clínico.
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O período de pico de transmissão da Ômicron, caso confirmado, pode comprometer medidas públicas de saúde que reduziram o intervalo de isolamento para pacientes com testes positivos da covid-19, como os Estados Unidos, o Brasil e a Inglaterra. Eventualmente, pacientes poderiam sair do isolamento ainda transmitindo a doença.
"As evidências sugerem que, no quinto dia, muitas pessoas ainda estarão eliminando vírus viáveis, potencialmente, isso pode resultar em [uma] considerável disseminação da covid-19", explica cientista Sally Cutler, da University of East London, em artigo para o site The Conversation.
"Como médica microbiologista, estou preocupada com o fato de haver pouca evidência científica para justificar a segurança dessas [novas] medidas reduzidas" de isolamento contra a variante Ômicron, afirma Cutler.
Entenda o pico de transmissão
No Reino Unido, uma revisão sistemática — pesquisa que avalia outros estudos científicos sobre um mesmo assunto, explorando os resultados obtidos —, publicada na revista The Lancet Microbe, descobriu que o período de transmissão da covid-19 é maior do que o período sintomático.
Para o estudo, foram revisados 79 artigos de todo o mundo e, no total, foram somadas evidências de 5,3 mil pessoas infectadas pelo coronavírus. Os pesquisadores britânicos observaram que a carga viral — determinada pelo teste de PCR — pode permanecer alta por algum tempo depois da recuperação clínica. Além disso, os indivíduos ainda podem continuar a transmitir o coronavírus viáveis.
"A revisão mostrou uma carga viral baixa nos primeiros dias, mas depois um pico nos dias três a seis, diminuindo nos dias sete a nove até que nenhum vírus viável pudesse ser recuperado no dia dez. Em outras palavras, os dados suportaram um período de isolamento de dez dias", explica Cutler — que não participou da investigação.
Dados sobre a Ômicron
No caso específico da Ômicron, dados preliminares sugerem que a transmissão do vírus é mais alta de três a seis dias após o diagnóstico ou o início dos sintomas. O preprint — estudo sem revisão por pares — foi desenvolvido pelo Instituto Nacional de Doenças Infecciosas do Japão. Desde quando foi divulgado, uma série de discussões sobre o melhor período de isolamento foi iniciada.
Além disso, um pequeno estudo da University of Exeter, no Reino Unido, publicado na revista científica International Journal of Infectious Diseases, sugere que uma em cada três pessoas ainda é potencialmente infecciosa após cinco dias do início dos sintomas.
Fonte: The Conversation, The Lancet Microbe e International Journal of Infectious Diseases