TikTok cogita suporte para vídeos ainda mais longos na plataforma

Especialistas apontam que o TikTok quer que os vídeos fiquem cada vez mais longos em sua plataforma para anexar mais publicidade, destaca reportagem para o WIRED. Contrariando dados sobre o consumo de conteúdo na plataforma e contornando a proposta inicial do app, o formato mais longo estaria chegando aos poucos, através de testes pontuais, até possivelmente se tornar um padrão.

• Sem Telegram, TSE fecha acordo com WhatsApp, Twitter, Facebook e Google
• TikTok trabalha em mecanismos para blindar adolescentes de conteúdo adulto

Segundo a reportagem, o usuário médio do TikTok fica 25 minutos no app por dia, mas não numa sessão só: para concluir esse tempo, o programa seria aberto cerca de 17 vezes. Embora o consumo médio da rede esteja bem acima do padrão de vídeos curtos, os vários acessos ao longo do dia sugerem um fato bem conhecido: o tempo de concentração máximo dos utilizadores da rede é curtíssimo.

Para o TikTok, o desgaste da atenção da comunidade está na “enorme quantidade de conteúdo” disponível na plataforma. Um levantamento obtido pelo WIRED mostra que metade dos usuários do app acham vídeos de um minuto “estressantes” e um terço dos entrevistados admite consumir publicações em velocidade acelerada.

Contrariando tendências

Fato é, porém, que o TikTok testa vídeos com duração ainda maior — de cinco ou até dez minutos. Os experimentos são disponibilizados para um pequeno grupo de usuários, então os vídeos com duração estendida são um tanto raros na rede.

Apesar de o formato de vídeos curtos ser um dos responsáveis pelo estouro de popularidade do TikTok, a plataforma teria que apostar em vídeos maiores para reter mais a atenção de usuários e, por consequência, ter melhores resultados com propagandas.

“Em análises recentes, se vídeos de cinco minutos ajudarem o TikTok a aumentar o tempo médio de exibição em alguns segundos, os anunciantes tradicionais podem sentir que têm mais liberdade, e [o mercado de] tecnologia está sempre procurando o máximo de receita possível”, disse a especialista na indústria Karyn Spencer.

Na concorrência, o objetivo tende a ser justamente o contrário: desde o sucesso do TikTok, Instagram, Facebook e até mesmo YouTube buscam se estabelecer no segmento de vídeos curtos — às vezes, sem sucesso. As plataformas buscam uma fatia daquilo que a rede social chinesa estabeleceu, enquanto ela mesma vislumbra outros segmentos — coincidentemente, já dominados por essas plataformas.

TikTok pode competir com YouTube

Com vídeos de 10 minutos, o TikTok eleva o nível de conteúdo para o padrão do YouTube e, provavelmente, teria uma fatia de mercado maior. Se a tática conseguir roubar a audiência da plataforma vizinha, a rede chinesa teria ainda mais espaço para veicular publicidade e, por consequência, lucrar mais.

“O aumento de tráfego em si traz mais lucro, mas vídeos mais longos podem ser mais lucrativos”, disse a pesquisadora da Universidade de Zurique Meg Jing Zeng. Além disso, os conteúdos mais extensos também ajudariam a atingir um público mais velho, não tão acostumado com o formato curto.

Por enquanto, porém, toda essa previsão é puramente especulativa, e o TikTok naturalmente não confirma que essa é a estratégia no momento. Agora, resta aguardar as próximas atualizações da plataforma.

Fonte: WIRED