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Doar sangue pode reduzir níveis de substâncias químicas tóxicas, as PFAS

Por| Editado por Luciana Zaramela | 13 de Abril de 2022 às 09h40

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Pressmaster/Envato Elements
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Você já ouviu falar das PFAS? São as substâncias per e polifluoroalquil, uma categoria de produtos químicos adicionados a toda uma série de produtos para torná-los antiaderentes, impermeáveis ou resistentes a manchas. Há, atualmente, cerca de 9.000 produtos químicos PFAS, sendo a substância sintética mais facilmente encontrada no mundo. O problema? Essas substâncias são bastante persistentes, recebendo a alcunha de "produtos químicos eternos", e não se degradam dentro do nosso corpo, causando preocupação.

A Macquarie University e da Fire Rescue Victoria, ambas organizações australianas, estudaram uma solução para o acúmulo do composto em nosso corpo, já que bombeiros contraem muito dele ao manusear espumas de combate a incêndio contendo PFAS. Outras maneiras de contrair a substância incluem a alimentação — a partir de panelas antiaderentes, por exemplo — e contato com carpetes e roupas, além da respiração de partículas advindas desses meios.

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Mitigação de PFAS

Não há um consenso científico sobre os efeitos da exposição à substância, ou se há algum nível seguro dela, especulando-se que ela pode causar efeitos negativos no sistema imune, fertilidade e pressão sanguínea em grávidas. Para combater esses efeitos, as organizações australianas supracitadas fizeram testes para checar se a doação de sangue e plasma poderiam ser uma forma eficiente de redução de PFAS no soro sanguíneo.

O estudo envolveu 285 funcionários do Fire Rescue Victoria e contratados que tinham altos níveis de PFOS, tipo de PFAS detectado costumeiramente em espuma anti-incêndio. Eles foram selecionados aleatoriamente para realizar doações de sangue a cada doze semanas, plasma a cada seis semanas ou não fazer nenhuma doação (grupo de controle) por doze meses. Os níveis da substância foram medidos no início dos testes, após doze meses de tratamento e então três meses após seu fim para checar se os resultados se mantinham.

Ambos os grupos de doadores resultaram em um número significativamente menor de químicos PFAS no corpo do que o grupo controle, sendo que as diferenças se mantiveram três meses depois. A doação de plasma foi a mais efetiva, com uma diminuição de cerca de 30% nas concentrações da substância em um período de 12 meses — provavelmente porque é possível doar 800 ml por vez, contra 470 ml de sangue. Além disso, a PFAS tem uma concentração duas vezes maior no plasma do que no sangue.

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Ao contrário de outros poluentes orgânicos, que se ligam à gordura do corpo, a PFAS se liga a proteínas primariamente localizadas no soro sanguíneo, uma das razões da eficiência aparente da estratégia. A doação de plasma, no entanto, é mais complexa e desconfortável do que a de sangue, e mesmo nos testes, a adesão ao protocolo de estudo foi menor que a dos outros grupos.

O estudo foi publicado no periódico Jama Network Open. A Fire Rescue Victoria já substituiu espumas anti-incêndio contendo PFAS e descontaminou caminhões de bombeiro para eliminar ou reduzir a exposição ocupacional à substância: devido ao seu acúmulo no corpo, no entanto, muitos bombeiros têm níveis elevados do composto por exposições históricas.

PFAS nos alimentos

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Per e polifluoralquílicos também podem estar presente em alimentos processados vendidos nas gôndolas dos supermercados. Carnes, salames, bolachas, biscoitos, bolos, salgadinhos. A verdade é que, como o composto pode resistir ao calor e à água, além de dar uma aparência mais bonita, eles foram inseridos, ainda, nas embalagens desses produtos. Tais compostos são nocivos ao sistema endócrino, sendo, inclusive, potencialmente cancerígeno para animais e humanos.

Doar sangue reduz PFAS para o doador; e o receptor?

Com a descoberta, pessoas mais expostas aos compostos estudados podem ter uma medida para diminuir os efeitos à sua exposição, podendo ser encorajadas a doar sangue ou plasma — vale lembrar que as pessoas expostas à PFAS ainda podem doar, e, para quem recebe o sangue, não foram encontrados riscos relacionados às quantidades da substância.

Há, também, pessoas com níveis altos de PFAS no sangue que não podem doar sangue, por conta de doenças sanguíneas crônicas, por exemplo. Para esses casos, estão sendo estudadas maneiras de realizar doações terapêuticas.

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Fonte: JAMA Network Open, Science Alert