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Netflix perde assinantes pela primeira vez em mais de 10 anos

Por| Editado por Jones Oliveira | 20 de Abril de 2022 às 12h26

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David Balev/Unsplash
David Balev/Unsplash
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A Netflix anunciou perda de assinantes pela primeira vez em mais de 10 anos, com os números do primeiro trimestre de 2022 colocando fim a uma sequência de recordes e sucessos. De acordo com os dados financeiros da empresa, 200 mil pessoas deixaram de ser membros do serviço entre janeiro e março deste ano em todo o mundo.

A previsão é de quedas ainda maiores, com o resultado financeiro apontando que a baixa no número de assinantes pode ser de até dois milhões no período corrente, que se encerra em junho. Para a companhia, isso é reflexo do fim do isolamento social causado pela pandemia da covid-19 e, em parte, do compartilhamento de contas entre os usuários. A expectativa, porém, era de crescimento na casa dos 2,5 milhões de membros, menos de metade que o que foi obtido no mesmo trimestre em 2021.

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Dois incidentes regionais ajudam a contar essa história. Nos Estados Unidos e no Canadá, os números negativos se tornaram ainda piores depois que, em janeiro, a Netflix anunciou o primeiro aumento nos preços das assinaturas desde 2020. Com isso, 600 mil pessoas deixaram de ser assinantes do serviço nos dois países, uma redução que esteve de acordo com as expectativas, mas que sem dúvida teve reflexo na queda global, ainda que outros países tenham mantido sua consistência de crescimento.

A companhia não costuma divulgar números específicos por país, mas falou de outro momento em que perdeu nada menos do que 700 mil assinantes, praticamente de uma só vez. Foi quando suspendeu seus serviços na Rússia, após a invasão da Ucrânia em fevereiro deste ano; mesmo com todos esses movimentos dentro do esperado, a empresa admite que crescer pode se tornar mais difícil no futuro próximo e, por isso, já antecipa novas perdas.

Ainda assim, o caminho para isso está firmado. Enquanto a Netflix enxerga a continuidade do crescimento internacional como essencial para seu futuro, diante da saturação de seus mercados principais, a ideia é aumentar a quantidade de conteúdo original de qualidade e seus sistemas de recomendação. A empreitada com os games também é citada, com uma parceria com a marca de jogo de cartas Exploding Kittens sendo um dos grandes ases dessa jornada, com uma série e um game para celular a caminho.

Mesmo que toda a lógica da queda seja conhecida, o mercado não gostou muito da notícia. Após ter fechado o pregão desta terça-feira (19) com alta de 3,1%, as ações da Netflix tiveram baixa de mais de 25% nas negociações posteriores, uma vez que o relatório financeiro foi divulgado após o encerramento do mercado.

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No momento em que essa reportagem é escrita, antes do início das negociações desta quarta-feira (20), a queda é de 27,5%.

Netflix de olho nas contas compartilhadas entre usuários

Além de decisões regionais relacionadas à guerra da Rússia contra a Ucrânia, altas de preço nos EUA e a retomada no período pós-vacina da covid-19, o compartilhamento de contas foi citado como corresponsável pelos números negativos do serviço de streaming. É uma alternativa com a qual a Netflix já demonstrou incômodo diversas vezes, com alertas sobre a troca de senhas entre usuários e até testes com cobranças adicionais em alguns países.

O fim dessa possibilidade é o temor de muitos usuários e aparece em números no relatório financeiro. Na estimativa da companhia, seriam cerca de 100 milhões de perfis compartilhados, quase metade do volume total de membros do serviço de streaming, sendo 30 milhões apenas nos EUA e Canadá.

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Enquanto atitudes sobre isso não foram anunciadas, fica claro o porquê de a empresa prestar atenção nisso. E, novamente, o relatório aponta este como um fator que dificulta o crescimento em muitos dos mercados de interesse, principalmente os emergentes, ainda que o aumento nas assinaturas durante a pandemia tenha ofuscado o reflexo negativo do compartilhamento sobre as contas da empresa.

Em uma chamada com acionistas após a divulgação dos resultados, o CEO da Netflix, Reed Hastings, foi mais claro, afirmando que a empresa está sim pensando em uma forma de monetizar o compartilhamento de contas.

Segundo ele, diante do crescimento contínuo, essa não era uma prioridade, mas agora que as coisas mudaram, a ideia é fazer com que os mais de 100 milhões de lares que usam os serviços da empresa também contribuam com ela.

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A métrica parece continuar a ser o domicílio, com a ativação em diferentes aparelhos de uma mesma casa se mantendo liberada. Porém, como explicou o diretor de produtos da empresa, Greg Peters, caso o usuário deseje compartilhar a conta com a irmã que mora em outra cidade, pode ser necessário pagar um pequeno valor a mais, baixo o suficiente para não desincentivar o compartilhamento — nem levar à fuga do assinante —, mas o suficiente para que a empresa seja compensada por isso.

Um sistema desse tipo está em fase de testes em países como Chile, Costa Rica e Peru. Lá, os usuários podem adicionar até duas contas secundárias a seus perfis, mediante um pagamento de cerca de R$ 7 por usuário. A taxa não é obrigatória neste momento e, enquanto não há ideia de aplicação global da iniciativa, tudo indica que ela pode se tornar uma realidade bem em breve — talvez no próximo ano, segundo Peters, que prevê mais algum tempo de testes antes de uma mudança generalizada.

Fonte: Netflix